Nova ordem global? EPPGG analisa tensões envolvendo EUA e China
“A guerra na Ucrânia é um evento síntese em que, apesar de sua singularidade, todos os principais aspectos do processo em curso de reconfiguração da ordem global estão implícitos”: assim inicia o EPPGG Marcelo Viana Estevão de Moraes seu artigo publicado no Congresso em Foco. Para Moraes, o conflito bélico na Ucrânia – que opõe, de um lado, a Rússia, em parceria estratégica com a China; e do outro, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) – é apenas “a ponta do iceberg” de uma disputa mais abrangente na qual os principais atores são os Estados Unidos e a China.
“Ao contrário da Rússia e da União Soviética, a China já possui hoje uma economia mais pujante do que a americana, se considerado o critério de paridade de poder de compra para a aferição do PIB. A China é um desafiante ‘tridimensional’: para além da economia, compete com os EUA também nas dimensões estratégico-militar e científico-tecnológica”, assinala Moraes ao fazer uma revisão de um histórico de conflitos mundiais e suas bipolaridades.
O papel do Brasil
Frente ao quadro atual, o Brasil – por suas dimensões econômicas, territoriais e populacionais – deve atuar como promotor de uma agenda de paz e desenvolvimento que mobilize o Sul Global para desarmar as tensões do conflito leste-oeste, defende Moraes: “Isoladamente, o Brasil tem escassa margem de manobra por seus parcos recursos de poder. O país vem de uma década de instabilidade política e de perda de dinamismo e de densidade econômica. É a partir de sua circunstância geopolítica sul-americana e latino-americana que pode atuar para articular uma agenda alternativa de interesse do Sul Global”, avalia.
Contudo, a liderança do Brasil neste movimento dependerá do resultado do pleito de outubro: “A eventual recondução do atual mandatário manterá o país como pária, no ponto mais baixo de sua reputação internacional: um problema para o mundo, não um portador de soluções. Só uma liderança respeitada internacionalmente e testada na arte da política e da administração poderá fazer a diferença desejada”, finaliza Moraes.
O EPPGG também é pesquisador do Centro de Altos Estudos de Governo e Administração (CEAG/UnB), doutor em Ciências Sociais pela PUC-Rio, pós-doutorando em Ciência Política na UnB e autor do livro “A Construção da América do Sul: o Brasil e a Unasul”. O artigo “A guerra na Ucrânia, a nova ordem global e o Brasil” pode ser lido na íntegra neste link.