LGBTQIA+fobia: um tema para além da violência física
Passaram-se apenas 33 anos desde que, em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de classificar a homossexualidade como doença. A data marca, desde então, o Dia Internacional de Combate à LGBTQIA+fobia.
Embora avanços tenham sido registrados nas últimas três décadas, a luta contra esse tipo de discriminação está longe de acabar. Exemplo disso são os preocupantes números divulgados no Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, editado em parceria por Acontece Arte e Política LGBTI+, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). O estudo mostra que o número de mortes violentas de pessoas LGBTQIA+ subiu 33,3% em um ano no Brasil, saltando de 237 mortes em 2020 para 316 em 2021.
Além disso, a violência física é só a ponta mais aparente - porque brutal - de um problema profundo e complexo, incrustado na cultura machista hegemônica que promove violências psicológicas, preconceitos e diversas outras violações de direitos contra pessoas que fogem à norma heterossexual-cisgênera. Uma dessas violências fica evidenciada na falta de dados governamentais sobre a situação, o que cria um cenário de "apagão" para as políticas públicas. Como o levantamento depende do reconhecimento da identidade de gênero e da orientação sexual das vítimas pelos veículos que reportam as mortes, muitos casos de violências praticadas contra pessoas LGBTQIA+ acabam não sendo contabilizados: "Apesar desse número já representar a grande perda de pessoas, apenas por sua identidade de gênero e/ou orientação sexual, temos indícios para presumir que esses dados ainda são subnotificados no Brasil", afirmam as entidades.