Gaetani e Lotta no Jota: “Em tempos de desmanche institucional, é preciso focar a formação coletiva”
Em artigo publicado no Jota, os professores da FGV Gabriela Lotta e Francisco Gaetani destacam a importância de se investir no “capital coletivo” representado pela força de trabalho que atua no serviço público: servidores, terceirizados, temporários e ocupantes de cargos (mesmo que sem vínculos permanentes).
“São todos profissionais públicos cuja atuação incide sobre os serviços públicos prestados ao país e à sociedade. São um grande coletivo, diferenciado e heterogêneo. Este é o momento de fortalecer sua solidariedade interna e à população que serve. Trata-se de um capital humano que serve a todos”, afirmam.
Além disso, Lotta e Gaetani ressaltam a importância do trabalho em equipe da administração pública, que não depende unicamente de um líder ou de uma autoridade: “As políticas públicas são intergovernamentais e intersetoriais. Poucas políticas dependem apenas de uma organização para serem implementadas. Mesmo dentro de uma mesma instituição, as áreas dependem umas das outras para entregarem resultados. Nos microcosmos da administração pública é o trabalho de um time que faz com que as coisas andem”.
Em um cenário em que a tecnologia segue eliminando postos de trabalho e redesenhando os remanescentes; e a pressão pela adoção de vínculos temporários cresce cada vez mais, em especial devido às pressões fiscais, os autores identificam a ausência de uma “imagem-objetivo” a ser perseguida pelo Estado. Assim que muitas funções públicas acabam transferidas para o setor privado (via privatizações) ou para o terceiro setor (via mecanismos de delegação e parceria).
Por fim, os professores da FGV fazem ainda um apelo, lembrando que “não há país desenvolvido democrático que não tenha construído um serviço público profissional” - talvez a “imagem-objetivo” que devamos seguir.