EPPGGs debatem impactos sociais da transformação digital
Os EPPGGs Victor Martins Pimenta e Ricardo Lins Horta publicaram artigo no Jota em que discutem os desafios do Brasil diante dos impactos sociais da transformação digital. Comentando propostas em discussão no Congresso que visam a, entre outras coisas, aumentar as responsabilidades e a transparência das plataformas digitais, fortalecer o jornalismo de interesse público frente à disseminação de fake news e trazer balizas para a inteligência artificial, os autores avaliam estarmos vivendo “um momento crucial” na transformação digital de nossas sociedades, “em que decisões estratégicas sobre os riscos emergentes do mundo digital irão moldar o tecido social no futuro”.
Para Pimenta e Horta, a regulação das Big Techs – que controlam as redes sociais – tornou-se “necessidade civilizatória”, em especial devido à urgência em se promover a transparência dos algoritmos, que são equações que moldam a oferta e o consumo de informação no mundo digital. “A desinformação e os discursos de ódio precisam ser confrontados com vigor, cabendo às plataformas digitais o dever de cuidado de zelar preventivamente por um ambiente livre de conteúdos ilegais e nocivos”, asseveram.
Para além da regulação, os EPPGGs ressaltam também a importância do desenvolvimento de políticas públicas específicas para o controle dos impactos sociais da transformação digital. Entre elas, a promoção de uma política nacional de educação midiática, integrada ao currículo escolar. Tal medida, afirmam, seria central para fortalecer a capacidade crítica dos cidadãos e capacitá-los a navegar nas novas dinâmicas de fluxo informacional: “É necessário promover o desenvolvimento de habilidades e competências em crianças, adolescentes e adultos para compreensão, análise e engajamento criativo na experiência com diferentes canais de mídia e da informação de forma crítica, saudável, consciente e cidadã. Além de prevenir que as pessoas sejam vítimas de golpes e assédio virtual, são medidas que podem trazer maior resiliência na sociedade brasileira contra fake news, discursos de ódio e outros conteúdos nocivos e ilegais que circulam na internet”, defendem.
Por fim, os autores afirmam que será necessária uma mobilização multissetorial para o enfrentamento desses temas, colocando-os como prioridade na agenda pública, no governo e na sociedade. Para eles, a colaboração entre a sociedade civil, o setor privado e o governo será essencial para a criação de um ecossistema digital que respeite a dignidade e os direitos de todos, assegurando transparência nas práticas de coleta de dados por plataformas digitais e ferramentas de inteligência artificial. “A intersecção entre comunicação, saúde, educação e direitos humanos pode fornecer uma base robusta para abordar os riscos associados ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos e para construir orientações e políticas públicas baseadas em evidências, alinhando-se a boas práticas internacionais e adaptando-as à nossa realidade”, concluem.