Nova edição do CPNU promete avançar na equidade de gênero

Pela primeira vez em um concurso nacional de grande porte, o governo federal adotará um mecanismo de equidade de gênero com o objetivo de ampliar a participação das mulheres nas etapas decisivas da seleção. A medida será implementada na segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) e foi anunciada na segunda-feira (30/6) pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

Segundo as novas regras, quando o percentual de mulheres classificadas para a segunda fase (em qualquer cargo) for inferior a 50%, será garantida a equiparação no número de mulheres convocadas em relação ao número de homens. A medida busca corrigir a desigualdade de gênero registrada na edição anterior do certame, quando a proporção de mulheres aprovadas foi significativamente menor do que a de inscritas.

“A gente percebeu que, no CPNU e em outros concursos, o percentual de mulheres aprovadas foi menor do que o de mulheres inscritas. Por isso, no CPNU 2, vamos aplicar uma lógica para garantir a equiparação do percentual de mulheres que passam da prova objetiva para a discursiva, sem se tratar de reserva de vagas. Nenhum homem classificado deixa de entrar, todos os homens que passarem vão continuar. A diferença é que vamos chamar mais mulheres para ter exatamente o mesmo número de homens e mulheres fazendo a prova discursiva em cada cargo e em cada modalidade”, explicou a ministra.

A medida não retira a vaga de nenhum candidato: todas as pessoas que atingirem a nota mínima exigida serão convocadas normalmente para a próxima etapa.

A ANESP avalia que a adoção de uma política afirmativa voltada às mulheres no acesso aos cargos de gestão pública representa um avanço concreto no enfrentamento das desigualdades de gênero no serviço público. Em artigo publicado em março de 2025, a associação analisou os dados da primeira edição do CPNU e apontou um dado alarmante. Embora o CPNU tenha avançado em termos de representatividade geográfica, racial e étnica, apenas 37% das pessoas aprovadas eram mulheres - um percentual inferior ao de servidoras em atividade no Executivo federal, que atualmente representam 41,8%, segundo o Painel Estatístico de Pessoal (PEP). Na carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG), o cenário foi ainda mais desigual: apenas 34,7% das aprovações foram de mulheres.

“O acesso igualitário às vagas no serviço público demanda que seja gestada e parida uma política de gênero justa e equânime, em todos os tipos de seleções públicas, para mulheres. Esse é o caminho para a paridade necessária e possível”, ressaltaram no artigo a presidenta da ANESP, Elizabeth Hernandes, e o gerente geral Paulo Brunet.

Os resultados do concurso apontaram para a persistência da desigualdade de gênero no serviço público. As mulheres ainda enfrentam desvantagens em relação ao rendimento médio, independentemente do nível de escolaridade, à ocupação de cargos gerenciais e à presença em posições de decisão no governo federal. Nesse contexto, a ação afirmativa anunciada pelo governo representa um passo importante para reverter esse cenário e permitir que mais mulheres alcancem espaços estratégicos na administração pública.

Vagas do CPNU 2025

O CPNU 2025 oferecerá 3.652 vagas em órgãos públicos federais para cargos de nível médio, técnico e superior, com salários iniciais que variam entre R$ 4 mil e R$ 17 mil. As inscrições vão de 2 a 20 de julho, com taxa de R$ 70, e poderão ser feitas por meio da página do candidato/a. Candidatos do Cadastro Único e doadores de medula poderão solicitar isenção entre os dias 2 e 8 de julho.


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