No Estadão, EPPGG defende maior aproximação entre academia e governo
São muitas as formas de aproximar o pensamento acadêmico da prática da administração pública: desde a concessão de licenças de capacitação para mestrados e doutorados e a instituição de periódicos técnico-científicos; até a criação de prêmios acadêmicos que valorizem projetos em parceria com órgãos públicos e a instituição de escolas de governo. Esses são alguns dos exemplos que a EPPGG Natália Koga destaca em artigo publicado no Estadão, em parceria com os pesquisadores Bruno Sobral, Daniel Caldeira, Marcus Vinícius Braga e Temístocles de Oliveira Júnior.
No texto, os autores defendem a aproximação entre academia e governo para fins de tomada de decisões técnicas e políticas baseadas na ciência e em evidências. Positivamente, eles sublinham o aumento na quantidade de servidores públicos com titulação de mestre e doutor, que duplicou na última década. Contudo, percebem que este potencial nem sempre é aproveitado: “Muitos gestores públicos ainda enxergam essas iniciativas como meios de recompensa individualizadas ou de evasão dos servidores de suas obrigações, não aproveitando ou articulando as capacidades e vínculos adquiridos por esses servidores com iniciativas que potencializem seu uso dentro das organizações públicas para o aprimoramento da ação estatal”, criticam.
São importantes nesse processo, afirmam os autores, as instituições vocacionadas para fazer a “ponte” entre as comunidades de policymakers e de cientistas – são as chamadas knowledge brokers. Eles citam como exemplo a Sociedade Brasileira de Administração Pública (SBAP), “por excelência uma associação criada como plataforma mobilizadora de conexão entre pesquisadores e práticos”. Desde a sua fundação, em 2013, a SBAP tem realizado diversas atividades para promoção da administração pública como disciplina autônoma e para a geração e disseminação de conhecimento teórico e técnico aplicado na área.
Por fim, partindo da análise de casos concretos, os autores consideram que o maior desafio na aproximação entre ciência e governo talvez não esteja somente na interação entre acadêmicos e práticos, mas entre eles e a sociedade. “Como aprimorar a co-produção de conhecimento que, além de garantir qualidade técnico-científica, reconheça a diversidade de situações vivenciadas no cotidiano dos usuários dos serviços e políticas públicas e, por sua vez, seja reconhecido como útil, coerente e legítimo também pela sociedade?”, questionam.