Jota: EPPGG propõe estratégias para industrialização digital brasileira

Em artigo publicado no Jota, o EPPGG James Görgen propõe estratégias para que o Brasil realize – de fato – sua industrialização digital, recuperando o que ele considera “tempo perdido” em décadas anteriores. “Além de pesados investimentos em infraestrutura produtiva e pessoas, precisamos de coordenação governamental”, afirma. 

A industrialização digital, aponta o autor, inclui um amplo ecossistema de políticas públicas e investimentos do Estado, junto a ações do setor privado e a horas de pesquisa acadêmica e desenvolvimento tecnológico. Contudo, em sua avaliação – até aqui –, as diretrizes para a área digital presentes nos documentos públicos estão focadas em infraestrutura e na limitada noção de transformação digital (ensinar organizações a usar as novas tecnologias).

“No relatório de transição, o grupo técnico de Comunicações apontou corretamente a necessidade de estabelecimento de uma agenda digital nos primeiros 100 dias de governo, mas ainda não se sabe ao certo como isso será feito e nem a sua abrangência. Inicialmente, ela foi circunscrita ao âmbito das comunicações, envolvendo questões importantes como infraestrutura e inclusão digital. Condições necessárias, mas não suficientes para tirar a agenda digital do papel de forma ampla, na linha do que os demais países estão fazendo”, avalia.

Exemplos internacionais

Görgen percebe que já está claro para boa parte dos países que estão direcionando suas estruturas e recursos para isso que a agenda digital precisa ser tratada de uma forma sistêmica e integrada, por ser ela “a ponta de lança”, ao lado da economia verde, dos processos de industrialização em curso.

O autor cita, ao longo de seu texto, dois exemplos internacionais: dos Estados Unidos e da China. Nos EUA, o plano central de recuperação da economia do governo Biden está direcionando US$ 50 bilhões para recriar a indústria de semicondutores e outros US$ 170 bilhões para explorar tecnologias do futuro. Ao mesmo tempo, o presidente e o Congresso estão agindo de forma concatenada na regulação das plataformas como forma de impedir que a inovação vire uma espécie de commodity, onde valha mais a pena comprar empresas inovadoras nascentes do que realmente inovar.

Na China, ao lado da superação da pobreza e das medidas para a mudança da matriz energética, esforços concentrados foram feitos nas últimas décadas para impulsionar a indústria digital. “Além do Estado ter investido fortemente na criação de empresas dos dois setores (hardware e software) fulcrais para essa transformação, o governo está atento para a importância da inteligência artificial em todas as verticais da economia e também na área de políticas públicas. Em paralelo, vem atualizando sua legislação sobre dados pessoais e dialogando de igual para igual com as big tech que pretendem se estabelecer em território chinês”, considera o autor.

Dessa forma, cabe agora ao Brasil caminhar nessa direção: “As oportunidades estão dadas, tanto no mercado doméstico quanto no potencial da pauta de exportações. Portanto, além de pesados investimentos em infraestrutura produtiva e pessoas, precisamos de coordenação. Assim como no caso do meio ambiente, uma área especializada dentro do governo com empoderamento e recursos suficientes para direcionar os investimentos, públicos e privados, a partir de uma estratégia única”, finaliza.

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