Inteligência artificial e democracia, por Francisco Gaetani e Virgilio Almeida
O professor da Ebape/FGV Francisco Gaetani e o professor associado ao Berkman Klein Center da Universidade de Harvard Virgilio Almeida assinam artigo publicado nesta quinta-feira, 22 de julho, no jornal Valor Econômico, que debate a relação entre inteligência artificial e democracia.
E para traçar essa relação, o ponto de partida é a preocupação das democracias liberais, sólidas e bem-sucedidas com o avanço da inteligência artificial (IA), como é o caso dos países da União Europeia (UE) e principalmente aqueles da OCDE, à qual o Brasil encontra-se em processo de acesso. Há poucos meses, a Comissão Europeia divulgou uma versão inicial da proposta para regular a implantação e uso da inteligência artificial nos territórios e ciberespaços dos países da região.
O foco da proposta é traçar regras que mantenham o ser humano no centro do avanço da inteligência artificial. É nesse contexto do avanço das novas tecnologias que aparece claramente a necessidade de proteção dos valores da democracia e liberdades individuais, atualmente em risco em vários países, como o Brasil. A ascensão do “Surveillance State” é uma realidade global e que interfere diretamente neste desafio.
Os autores alertam que estabelecer regras e regulações para governar as tecnologias que irão nos governar no futuro é uma tarefa estratégica para o país, não apenas para o governo, sempre pressionado pelo congestionamento da agenda de prioridades nacionais. O Brasil talvez não perceba mas está sendo mudado de lugar na geopolítica global, em função, dentre outras coisas, da dificuldade que vem demonstrando na defesa de sua democracia.