EPPGG discute estratégias para manter engajamento de servidores públicos
Por que, em alguns momentos da vida profissional, os servidores estão altamente engajados e, em outros, não? Quais demandas e quais recursos do ambiente das organizações públicas brasileiras afetam os ciclos positivos e negativos de engajamento ao longo do tempo? Quais estratégias os servidores utilizam para permanecer engajados ou lidar com o desengajamento? Essas são algumas das perguntas que a EPPGG Marizaura Reis de Souza Camões busca responder em artigo publicado na Revista de Administração Pública, da FGV. O texto tem coautoria de Adalmir de Oliveira Gomes, Bruno Rizardi e Joselene Lemos.
“A resposta a essas questões é relevante para a criação de políticas voltadas a aumentar a participação no trabalho no setor público e, consequentemente, melhorar a entrega de serviços e políticas. Isso porque o desenho de intervenções nos ambientes de trabalho, em especial aquelas focadas em gestão de pessoas, buscam intencionalmente aumentar o desempenho. Sendo o engajamento um preditor de desempenho, compreender o que determina ciclos positivos e negativos de engajamento é um aspecto relevante a ser considerado”, avaliam os autores.
A partir da descrição de ciclos de engajamento (ou de desengajamento) de servidores públicos federais, com base em suas histórias de vida profissional, o texto ressalta a importância da percepção – pelos servidores – da geração de resultados positivos para a sociedade ou para a organização em que atuam, fruto de suas atuações: “Se os servidores perceberem o trabalho como mero encargo burocrático definido por regras e procedimentos, o chamado red tape, os resultados alcançados podem se tornar obstáculos, prejudicando o engajamento”, escrevem.
Outro resultado relevante da pesquisa detecta que o engajamento tende a aumentar a produtividade, mas a carga de trabalho excessiva pode gerar desequilíbrio na vida pessoal e consequente desengajamento: “Os indivíduos engajados sabem recuperar os esforços relacionados com o trabalho e se tornam mais eficazes ao longo do tempo que os chamados workaholics”. Por fim, os autores avaliam que o investimento em oportunidades profissionais ao longo da carreira e em lideranças e perenidade de projetos relevantes parecer ser a opção mais promissora para evitar o desengajamento: “Como todo modelo construído é uma síntese simplificada da realidade, este estudo não pretendeu esgotar todas as variáveis envolvidas no engajamento no trabalho no serviço público brasileiro. No entanto, joga luz sobre pontos relevantes que podem ser explorados em estudos futuros, inclusive experimentais e quase experimentais. Este texto contribui ao apresentar um olhar sistêmico para o engajamento no trabalho no setor público e abre espaço para uma extensa agenda de pesquisa sobre o engajamento de servidores no setor público”, concluem.