Descoordenação federativa na condução da pandemia é objeto de estudo de EPPGG
As implicações da descoordenação entre as esferas federal e estadual na condução de políticas públicas de combate à pandemia da Covid-19 no Brasil são objeto do estudo do EPPGG Geraldo Sandoval Góes, em co-autoria com o economista Luan Borelli, e que contou com Claudio Burian Wanderley, como parecerista convidado.
O estudo integra a Coleção: Covid-19 Fast Track, editada pela Enap, e é resultado dos conhecimentos gerados pelas pesquisas realizadas no âmbito do Programa Cátedras Brasil, desenvolvido com o objetivo de selecionar projetos de pesquisa que gerem subsídios para o entendimento ou enfrentamento à pandemia de Covid-19 pela Administração Pública.
No trabalho, os autores estudaram as potenciais implicações da descoordenação das esferas federal e estadual na condução de políticas públicas de combate à pandemia da Covid-19 no Brasil. Aplicando o modelo SIR-macro, foram construídos dois cenários distintos para cinco estados brasileiros selecionados: um em que as políticas de contenção adotadas são perfeitamente coordenadas com o âmbito estadual e outro em que são totalmente descoordenadas, desconsiderando por completo as características estaduais.
Os resultados apontam, como principais consequências gerais da descoordenação, quarentenas menos rígidas, porém mais prolongadas, que resultam maiores taxas de mortalidade e, consequentemente, maiores quantidades de mortes acumuladas ao fim da epidemia. Do ponto de vista macroeconômico, a descoordenação implica recessões menos profundas, porém mais duradouras, potencializando recuperações em formato de ‘U’ ou ‘W’, em detrimento de recuperações em ‘V’, características do cenário coordenado.
Dentre os estados selecionados, os efeitos gerais da descoordenação demonstraram-se substancialmente mais graves nos estados do Amazonas (AM), de Pernambuco (PE) e do Ceará (CE), quando comparados aos estados de São Paulo (SP) e do Rio de Janeiro (RJ).