Autor de estudos sobre o tema, EPPGG conversa sobre situação de rua no Brasil
O EPPGG Marco Natalino participou do programa Pauta 1, na Sagres TV, onde debateu a realidade da população em situação de rua no Brasil. Natalino, que atua no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é autor de estudos sobre o assunto: de acordo com suas estimativas, por exemplo, houve um aumento de 40% na quantidade de pessoas nesta condição entre 2020 e 2022:
“Eu fiz uma estimativa de aumento de cerca de 40% no número de pessoas em situação de rua entre março de 2020 e julho de 2022, que seria o período do auge da pandemia. Foi um crescimento muito grande. Mas vale dizer que não é como se agora a gente estivesse melhor; o que parece é que a gente criou uma situação difícil e que vai precisar de um tempo pra conseguir resolver. A situação é realmente muito preocupante”.
Além disso, há a constatação de que 33,7% das pessoas em situação de rua estão nessa condição por, pelo menos, seis meses; 11,7% vivem nas ruas há mais de 10 anos. “A pandemia agravou bastante a situação, mas é importante notar que o problema já vinha se agravando antes disso”, ressalta Natalino.
Para chegar a estes números, o especialista utilizou dados do Cadastro Único, uma vez que as informações de prefeituras são demasiadamente descentralizadas. Foi a partir do CadÚnico que o EPPGG pôde apreender os principais fatores que causam a situação de rua no País:
“Eu tenho trabalhado com os dados do Cadastro Único, que são de âmbito nacional. O principal conjunto de causas é de ordem econômica – o que não é surpreendente. Falta de moradia, falta de emprego, distância da moradia própria do local de trabalho. Por exemplo, vocês podem pensar em uma pessoa que até tem uma casa, com sua família, mas muito distante de um centro urbano, e que trabalha durante a semana lavando e guardando carro, ou trabalhando como ambulante, no centro de uma cidade, e dorme por ali durante a semana e, no final de semana, volta para casa. Mais de 50% das pessoas em situação de rua afirmam alguma dessas causas, principalmente desemprego e falta de moradia como o principal problema”, afirma.