Mobilidade rara
Reportagem do "Correio Braziliense" destaca a possibilidade que os EPPGGs possuem de trabalhar em diferentes órgãos do Executivo. Segundo jornal, essa característica evita que o gestor sofra com a rotina e permite um dinamismo incomum no serviço público
Além de executar programas, o especialista em políticas públicas e gestão governamental (EPPGG) assessora escalões superiores da administração federal direta, atuando em ministérios, autarquias e fundações estatais. A alocação tanto dos recém-chegados quanto dos mais antigos na carreira é realizado de acordo com as necessidades identificadas pelo Ministério do Planejamento. A grande mobilidade que rege a carreira abre espaço para um dinamismo peculiar no setor público. Os gestores têm possibilidade de atuação nas áreas social, econômica, do meio ambiente, da educação, de saúde e de infraestrutura, entre outras.
Empossado em fevereiro de 2011, o administrador de empresas Leonardo Socha Reisman, 26 anos, trabalhou na iniciativa privada antes de escolher o cargo que gostaria de ocupar no serviço público. “Como um executivo, o gestor governamental é desafiado constantemente. Podemos vivenciar diferentes esferas da administração pública federal ao longo da carreira. Essa mobilidade é rara e não nos deixa acomodar, cair na rotina”, reflete. O jovem se surpreendeu com a extensão das provas discursivas, feitas em dois turnos de um mesmo dia. “Já tinha uma bagagem porque vinha estudando há algum tempo, mas nunca havia feito uma prova tão difícil para concurso”, admite.
Terceiro lugar na classificação final do último certame, ele assumiu uma vaga no Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior. Para Reisman, foi importante aprender a gostar do conteúdo exigido nas provas. “Percebi que valia a pena não decorar, mas entender o que eu estava lendo. Caso fosse bem-sucedido no certame, usaria o conteúdo na minha carreira. Deu muito certo”, aponta o gestor, que atua na construção do planejamento estratégico do governo. “Participo de reuniões com representantes de instituições que têm um importante papel a cumprir, como o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), e trabalho com a elaboração de políticas que garantem o crescimento do país”, orgulha-se.
Missão diferente
O economista Trajano Quinhões, 40, tinha três empregos antes de passar no concurso de 1996 para EPPGG. “Eu queria trabalhar para o governo, mas para mim era fundamental ter uma missão para cumprir. Na iniciativa privada, a minha era gerar lucros para o meu empregador. Como gestor, é promover bem-estar e serviços para a sociedade”, revela. Depois de atuar no Ministério da Saúde decidindo sobre a aplicação de investimentos em hospitais e centros de sáúde, e promovendo a capacitação de administradores hospitalares e informatização de unidades, Trajano foi alocado na pasta do Meio Ambiente. “Hoje, eu trabalho a criação e a estruturação de unidades de conservação Brasil afora. Estou indo para a Floresta Amazônica visitar duas unidades e verificar como andam os programas implementados no local. Mudei completamente de área, mas tudo que aprendi na saúde é aplicável em outros setores. O gestor nunca deixa de adquirir e passar conhecimentos”, considera. Trajano está a frente de três equipes do MMA e diz não ter rotina. “Tem sempre algo novo para aplicar e sedimentar. Lido com investidores, técnicos do ministério e moradores locais que estão aprendendo a viver de maneira sustentável na Amazônia.”
Fonte
Correio Braziliense – 19 de setembro de 2011