Vozes do Serviço Público: primeiros resultados são divulgados
A Escola Nacional de Administração Pública (Enap), juntamente com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), divulgou os primeiros resultados da pesquisa “Vozes do Serviço Público Federal”, que ouviu cerca de 50 mil servidores – incluindo temporários, comissionados e sem vínculo – entre novembro de 2024 e janeiro de 2025. O objetivo é identificar percepções de servidores públicos federais sobre o contexto de trabalho e reunir subsídios para o aprimoramento de políticas de gestão de pessoas.
De forma geral, 69% dos servidores manifestam estar satisfeitos com o trabalho, além de relatarem, em sua maioria, alto comprometimento organizacional e baixa intenção de rotatividade (apenas 10% indicaram querer deixar o setor público). Por outro lado, os números indicam algumas contradições: 65% dos servidores acreditam que o feedback melhora seu desempenho, mas apenas 41% dizem receber feedback da chefia. Além disso, cerca de 85% dizem ter as habilidades e a experiência necessárias para o trabalho, mas somente 42% dizem receber treinamento suficiente.
Alexandre Gomide (diretor de Altos Estudos da Enap), Pedro Masson (coordenador-geral de Ciência de Dados da Diretoria de Altos Estudos), César Galvão (líder do Time de Análise de Dados na CGDados), Iara Viana e Leandro Del Grande (analistas de dados na CGDados) publicaram artigo, no site da Enap, em que avaliam os resultados. Para eles, um dos dados mais contundentes da pesquisa é a valorização do mérito como critério de ascensão: mais de 75% dos servidores apontam desempenho, experiência e formação como fatores decisivos para a progressão na carreira. Por outro lado, apenas 24% consideram receber salários justos em comparação a colegas de atribuições semelhantes.
“De um lado, temos clareza estratégica, orgulho e compromisso com o interesse público. De outro, persistem baixa percepção de justiça remuneratória, sobrecarga concentrada nos mais produtivos, falta de treinamento e barreiras culturais à inovação. O retrato é o de uma burocracia motivada e resiliente, mas que opera num regime onde a disciplina das rotinas não se converte em verdadeira capacidade de aprender, inovar e se adaptar”, comentam.