“Temos que aprender a ser inadequadas”, diz presidenta da ANESP sobre mulheres em associações de servidores públicos
A presidenta da ANESP, Elizabeth Hernandes, participou de entrevista no canal Apito TV, do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), ao lado de Elenira Vilela, representante do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica). O assunto abordado foi a presença feminina nos espaços de representação dos servidores públicos.
Na conversa de pouco menos de uma hora, a presidenta da ANESP deixou um importante recado: “Nós [mulheres] temos que aprender a ser inadequadas. Nós fomos educadas para ter a atitude adequada. Temos que aprender a não nos importar com o adjetivo ‘descontrolada’: a gente precisa se descontrolar mais; se descontrolar sob controle”.
O contexto da necessidade de inadequação é, claro, o de silenciamentos históricos e memórias de abusos diversos contra mulheres no ambiente do serviço público e dos sindicatos e associações de servidores. Ainda assim, mesmo frente a um cenário machista e a muitos casos de agressões, simbólicas ou físicas, ambas representantes sindicais buscaram destacar a força, a luta e a resiliência das mulheres que ocupam estes espaços de liderança: “De modo geral, os sindicatos acabam espelhando o mundo do trabalho. As mulheres têm dificuldade de ter acesso a cargos de direção no mundo do trabalho e isso se espelha no mundo sindical. Mas a ANESP hoje busca ser paritária, embora não esteja no estatuto”, afirmou Hernandes.
Esta é, aliás, uma luta concreta a ser encampada por sindicatos e associações em relação à questão de gênero, aponta a presidenta da ANESP: “A gente começa pelo discurso, pela letra. Acho super positivo que os sindicatos estabeleçam em estatuto a paridade”, defende. A visão é corroborada por Vilela: “No Sinasefe, a gente só foi ter paridade na direção nacional, quando a gente aprovou no estatuto que é obrigatório ter paridade. Não teve outra forma. Claro que aconteceu esporadicamente em algumas sessões do sindicato ou eventualmente em alguma direção nacional de ter um número grande de mulheres, mas maioria a gente só foi ter mesmo depois de escrever: é obrigatório ter maioria”, afirmou.