No Jota, EPPGG discute política de desenvolvimento científico da China

O EPPGG Pedro Cavalcante assina artigo, publicado no Jota, a respeito das transformações tecnológicas pelas quais a China tem passado nas últimas décadas. Para o autor, impressiona os movimentos sucessivos de aperfeiçoamento do sistema de ciência, tecnologia e inovação chinês – a título de exemplo, no início do século 21, os EUA lideravam 60 das 64 tecnologias-chave contra apenas três em que a China se destacava. “Em 2023, o quadro se inverteu, com a liderança chinesa em 57 dessas 64 áreas, incluindo as de cadeias produtivas altamente sofisticadas”, aponta Cavalcante.

No texto, ele descreve as quatro “ondas” do desenvolvimento científico da China, a primeira iniciada em 1985 e a última em 2013, momento em que a estratégia passou a ser explicitamente orientada pela inovação, com estímulo ao empreendedorismo em larga escala, integração entre governo, indústria e academia e foco em novas fronteiras tecnológicas, em meio a um cenário de competição internacional acirrada.

“Os resultados concretos da transição chinesa são inegáveis”, afirma o EPPGG, ressaltando que o investimento em pesquisa e desenvolvimento cresceu de forma contínua, indo de apenas 0,6% do PIB em 1980 para quase 2,7% em 2024. No campo educacional, a taxa de matrícula no ensino superior saltou de 3,7% em 1990 para mais de 60% em 2024, formando uma ampla base de capital humano altamente qualificada.

Não por acaso, desde 2016, a China lidera em publicações científicas e registros de patentes, superando Estados Unidos e União Europeia. Atualmente, o número de empresas chinesas na lista Fortune Global 500 já se equipara ao dos Estados Unidos, evidenciando a força de suas multinacionais. Esse destaque também se reflete na inovação: segundo o Global Innovation Index de 2025, a China ultrapassou os EUA em número de clusters tecnológicos entre os 100 mais dinâmicos do mundo. Nesse cenário, empresas inovadoras como Huawei, Lenovo, Alibaba e a emergente DeepSeek simbolizam o novo protagonismo global do país.

“Essa trajetória mostra a passagem de um país que antes imitava tecnologias estrangeiras e era conhecido como ‘a fábrica do mundo’ para um centro de inovação que dita tendências. Mais do que números, o que impressiona é a complexidade e a continuidade desse processo, que nunca foi rígido, mas sim marcado pela adaptação gradual e pela capacidade de aprender com erros e acertos”, conclui Cavalcante.

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