EPPGG coordena estudo que atualiza dados censitários da população em situação de rua no Brasil
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) lançou um estudo inédito que atualiza a estimativa de população em situação de rua em nível nacional. Atualmente, são 281.472 pessoas vivendo nas ruas, viadutos e praças das cidades brasileiras – um aumento de 211% em uma década. A expansão é muito superior à da população brasileira no período, de 11%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre 2019 e 2022, período mais crítico da pandemia, a alta foi de 38%.
O estudo é coordenado pelo EPPGG Marco Antônio Carvalho Natalino. Por ora, apenas uma publicação preliminar foi lançada – acesse aqui.
A pesquisa avalia que o Brasil ainda precisa evoluir para uma contagem censitária mais precisa e efetiva da população em situação de rua. Natalino lembra que, por exemplo, apenas em 2010 essa população foi incluída no Cadastro Único; e só em 2011 passou a ter direito de acesso aos serviços do SUS (Sistema Único de Saúde), que antes exigia da população de rua comprovante de residência para atendimentos.
Além disso, embora a contagem oficial desse grupo esteja prevista na Política Nacional para a População em Situação de Rua desde 2009, os censos demográficos de 2010 e de 2022 – este ainda em andamento – seguiram o método tradicional de contagem, que inclui somente dados sobre a população domiciliada. “Isso implica prejuízos para a correta avaliação da demanda por políticas públicas por parte desse segmento”, afirma Natalino, ao lembrar da recente dificuldade do Ministério da Saúde em alocar um número adequado de vacinas contra a covid-19 para essa população.