Carreira de gestor público atrai candidatos qualificados

Criada no âmbito do governo federal no fim dos anos 1980, a carreira do especialista em políticas públicas e gestão governamental, ou só gestor de políticas públicas, representa, na visão de especialistas, um avanço no modelo de recursos humanos e de modernização da administração pública brasileira.

Formada hoje por um pelotão de elite, com 896 profissionais com as mais variadas formações e elevada qualificação acadêmica e profissional, a função nasceu para auxiliar decisões estratégicas de governo, propor políticas governamentais e assessorar as principais autoridades do país. Esses servidores estão espalhados por vários ministérios e autarquias federais e são protagonistas em projetos importantes, como a recente renovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por exemplo.

O advogado Daniel Colombo, de 28 anos, passou, em 2008, no concurso para o cargo de gestor público federal. Foi empossado em novembro e, antes de começar as atividades, frequentou curso de 600 horas na Escola Nacional de Administração Pública (Enap), ganhando uma bolsa e não o salário total da função. Com títulos de graduação e mestrado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e experiência profissional de cinco anos num grande escritório de advocacia, inclusive com passagem pelo exterior, Colombo abriu mão da promissora carreira na iniciativa privada atraído pela "transversalidade e interdisciplinariedade" do cargo de gestor público. O visado salário inicial de R$ 12.413,65 (final de R$ 17.347,00) também foi levado em conta, mas não foi o principal.

"O trabalho de gestor me permite aplicar o conhecimento jurídico para botar a mão em políticas públicas, ter a possibilidade de fazer a diferença", destaca Colombo. Após concluir a preparação na Enap, ele foi indicado para o Ministério da Saúde, onde realizou um trabalho de assessoria política e começou a colaborar com um projeto de isenção fiscal para hospitais privados e contrapartidas para a rede pública de saúde. Atuou por poucos meses no ministério e foi indicado para coordenar cursos de especialização na Enap.

"Nos definimos como generalistas. Não consigo fazer analogia com o setor privado. Somos uma parcela da burocracia muito treinada e especializada, com forte conhecimento teórico e prático dentro da administração", afirma Colombo.

Fonte
Valor Econômico – 09 de novembro de 2009