No GGN, EPPGG debate processos de financeirização e atualizações no PIX
Em artigo publicado no Jornal GGN, o EPPGG e economista Paulo Kliass debate o processo de financeirização que vem se aprofundando na economia e na sociedade brasileiras ao longo das últimas décadas e que, em sua análise, tem provocado um conjunto amplo de consequências. “A dominância do elemento financeiro sobre as demais atividades econômicas é bastante expressiva e termina por esmagar qualquer tentativa de se escapar à lógica das finanças sobre a produção, o comércio, os serviços e a cidadania”, escreve.
Entre esses aspectos, Kliass comenta sobre a bancarização dos brasileiros, cada vez mais ampla. Informações divulgadas pelo Banco Central (BC) apontam para uma ampliação crescente do número de pessoas que operam com contas bancárias – o índice atinge, hoje, cerca de 90% do total de pessoas adultas no País. O autor percebe que esta tendência tem provocado mudanças significativas nos hábitos culturais e negociais de forma generalizada, com efeitos positivos de inclusão financeira e digital, “mas introduzindo também um agravamento da dependência da população de forma geral aos bancos e ao universo do financismo”.
Ele também sublinha a criação do Pix, cujo modelo foi bastante aceito e segmentos sociais até então bastante marginalizados da esfera bancária passaram a usufruir dos aspectos positivos de tal mecanismo de inclusão. “No entanto, o fenômeno não passou desapercebido dos grupos interessados em elevar ainda mais os seus ganhos. Assim, teve início um movimento para eliminar a gratuidade de tais operações. Alguns dirigentes no interior do financismo mal escondem seus desejos para introduzir, de forma descarada, a mercantilização completa também neste segmento”, alerta.
Por fim, falando sobre a possibilidade de se realizar as transferências Pix pelo processo de aproximação física do telefone celular, sem a necessidade de digitar as informações no aparelho, Kliass critica que a atualização será efetuada por uma das gigantes do mundo dos dados e do universo digital – a Google: “Campos Neto tem anunciado aos quatro ventos que tal novidade vai ser efetuada em uma parceria do BC com uma das gigantes do mundo de dados e do universo digital, a Google. Uma loucura! Imaginem qual seria o valor potencial a ser oferecido de bandeja a uma das maiores empresas do mundo a troco de nada. Tudo indica tratar-se de uma enorme negociata, sempre às custas da grande maioria da população, em benefício da apropriação privada de informações públicas e sigilosas”, conclui.