Estudo mostra como Bolsonaro persegue servidores públicos
Gabriela Lotta, professora de administração pública na FGV e professora visitante na Universidade Oxford, e Mariana Silveira, doutoranda na FGV, entrevistaram mais de 125 servidores públicos para conseguir montar um diagnóstico, que mostra como o presidente Jair Bolsonaro atua contra quem discorda dele.
No estudo, as pesquisadoras esmiuçaram os métodos de perseguição bolsonarista usados contra servidores públicos. “Nós estudamos os servidores federais há muitos anos. E desde o começo deste governo começamos a acompanhar diversos casos de ataque aos servidores. Percebemos ao longo do tempo que este processo era sistemático, muito bem orquestrado e que inclusive seguia alguns padrões que vimos em outros países, como nos EUA com Trump, na Hungria e na Turquia”, contou Lotta à coluna de Guilherme Amado no Metrópoles.
“Entrevistamos já quase duas centenas de servidores de diferentes ministérios. As entrevistas são todas anônimas e é muito assustador ver o que está acontecendo”, acrescentou.
Das entrevistas, emergiram quatro formas principais de perseguição: opressão física, administrativa ou moral e o silenciamento. Entre as táticas usadas, as pesquisadoras apontam mudanças em procedimentos burocráticos.
A pesquisa também lista a proibição de participações em reuniões ou eventos e a perseguição ideológica devido a ideias apresentadas em reuniões de trabalho.
O estudo investigou também as táticas usadas pelos servidores para se opor à opressão do governo. Entre essas medidas estão atividades secretas para sabotar políticas bolsonaristas, como a minimização do desmonte de alguma política pública ou o vazamento de informações para ONGs e a mídia.
O resultado completo ainda não foi publicado, mas é possível consultar uma prévia do estudo em inglês aqui e uma versão em português no site da ANDEPS.