EPPGG analisa no UOL o risco do assédio institucional para as políticas públicas
Diante de fatos recentes – como a ameaça do presidente da República em divulgar nomes dos técnicos da Anvisa que indicavam a vacina contra a covid-19 para crianças – que se somam às inúmeras situações de assédio institucional que vêm a público ou que estão sendo registradas no Assediômetro, a EPPGG Patrícia Parra sintetiza em artigo no UOL, publicado na terça (1º), os principais conceitos sobre o fenômeno e como ele afeta as políticas públicas.
O artigo “Assédio institucional no setor público e o risco para as políticas públicas” cita o pesquisador do Ipea e presidente da AFIPEA (Associação dos Servidores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), José Celso Cardoso Jr.: “o assédio institucional sempre existiu dentro do setor público, mas é no governo atual que o fenômeno ganhou escala, método e funcionalidade: sua recorrência permite reconhecer o assédio institucional como método de governo, o qual visa desorganizar a atuação estatal; deslegitimar as políticas públicas e, sobretudo, desqualificar os servidores públicos; além de buscar esconder os fracassos do governo.”
O estudo realizado pelas professoras da FVG Gabriela Lotta e Mariana Silveira identificou as principais estratégias de assédio praticadas no atual governo. Em alguns cenários de assédio no governo federal, os servidores buscam "desaparecer", o que se dá por meio de estratégias como pedidos de demissão, afastamento, mudança de setor e licenças ou meramente a invisibilidade, isto é, os servidores passam a fazer o mínimo possível para não serem percebidos nesses ambientes.
Dessa forma, o governo acaba retirando das políticas públicas seu recurso mais importante: as pessoas. Como aponta a professora da Universidade de Oklahoma e especialista em políticas públicas e gestão governamental Michelle Morais de Sá e Silva, ao afastar as pessoas, o governo afasta talentos e descarta o conhecimento, a memória e a capacidade institucional construídos, fragiliza as instituições e as redes de políticas públicas, configurando objetivamente o desmonte de políticas públicas, as quais deixam de responder ao direito que as políticas buscam materializar.