“Diálogos Públicos”: artigo de EPPGG debate políticas públicas e ataques à democracia
Repressão da sociedade civil; censura dos meios de comunicação; ataque às instituições formais; polarização política que invoca o desrespeito a opositores e dissemina notícias falsas e discursos de ódio: em artigo na coluna “Diálogos Públicos”, a EPPGG Elisabete Ferrarezi disseca as formas de agir de governos autocráticos e invoca a necessidade de retomada da capacidade imaginativa para a construção de outros futuros possíveis.
E, para a construção de um futuro melhor, a EPPGG destaca a necessidade de fortalecimento das políticas públicas: “Podemos planejar futuros preferíveis, desenhando soluções junto com as pessoas e instituições, um propósito comum, ampliando as possibilidades de ação que gerem valor público e promovam o desenvolvimento”. Segundo Ferrarezi, a tendência à “autocratização” tem se manifestado de forma contundente no Brasil nos últimos anos nos confrontos do governo federal com outros poderes do Estado, nos ataques à imprensa, à ciência, aos direitos humanos e ao sistema eleitoral.
“Invocar sentimentos (como os de um fictício passado glorioso da ditadura), manipular fatos e crenças (como o caso das vacinas), fabricar inimigos (o bem versus o mal – opositores e críticos) são manobras que vêm sendo utilizadas de modo eficaz pelo atual Presidente da República”. Esses movimentos acabam por “corroer a democracia por dentro”: é o que demonstra, por exemplo, o relatório do Instituto V-Dem que coloca o Brasil como o 4º país que mais se afastou da democracia em 2021, em um ranking de 202 países analisados.
“A democracia vai sendo, assim, corroída por dentro, sem que muitos reconheçam os riscos desse projeto em curso. A ideia de um futuro preferível vai desaparecendo do pensamento político, nos aprisionando no presente”, conclui Ferrarezi, que é também doutora em Sociologia e mestre em administração pública.