Dia do Meio Ambiente é dia de lembrar o assassinato de Bruno e Dom
Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma data que nos convida a refletir sobre a nossa relação com a natureza e o nosso papel na conservação dos recursos naturais. Neste dia, a ANESP presta uma homenagem aos servidores públicos que atuam na defesa do meio ambiente e dos povos indígenas, especialmente aos que perderam a vida em razão do seu trabalho.
Há exatamente um ano foram assassinados o jornalista Dom Philips e o indigenista Bruno Pereira, que investigavam uma denúncia de invasão de terras indígenas por madeireiros ilegais no Pará. Eles foram vítimas de uma emboscada armada por um grupo de criminosos que queriam silenciar a sua voz e impedir a sua atuação.
Dom e Bruno foram vistos pela última vez em 5 de junho, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiam para Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino. Os restos mortais foram achados em 15 de junho.
Esse fato trágico revela a gravidade da situação ambiental e social no Brasil, e a importância dos servidores públicos que se dedicam a implementar políticas públicas voltadas à conservação dos biomas, proteger o patrimônio público e os direitos humanos. Esses profissionais enfrentam diariamente ameaças, violências e perseguições por parte de interesses privados que visam lucrar com a exploração predatória dos recursos naturais e com a violação dos direitos dos povos originários.
Bruno estava licenciado da Funai desde o início de fevereiro de 2020. Servidor de carreira da fundação, ele tinha sido dispensado da Coordenação-Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato apenas quatro meses antes. Insatisfeito com os rumos que a equipe de governo do então presidente Jair Bolsonaro impunha à política indigenista, Pereira passou a trabalhar como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na Amazônia aumentou 9,5% entre agosto de 2020 e julho de 2021, atingindo o maior nível desde 2016. Além disso, segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), 2020 foi o ano mais violento contra os povos indígenas desde 1989, com 113 assassinatos registrados.
Apesar das prisões dos responsáveis terem sido executadas,o caso demanda por justiça e por ações mais eficientes para coibir a violência na região. Na última sexta-feira (2), o Ministério dos Povos Indígenas anunciou a criação de um grupo de trabalho para promover a segurança e combater a criminalidade no Vale do Javari. O grupo será formado por dez ministérios, que trabalharão em parceria com a Funai e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para propor medidas concretas de combate à violência e com o objetivo de garantir a segurança territorial dos povos indígenas que vivem na área. Entidades de povos indígenas também participarão das discussões.
A ANESP reconhece e valoriza o trabalho desses servidores públicos e apoia as ações do Estado para combater a violência contra os povos indígenas e a extração sem escrúpulos dos recursos da biodiversidade. Os servidores públicos estáveis, cada vez mais, demonstram a sua importância na promoção do desenvolvimento sustentável, da justiça social e da democracia no país.