ANESP apoia nota do Fonacate repudiando estudo que distorce dados do funcionalismo
Matéria publicada na Folha de S. Paulo nesta segunda (5), intitulada "Carreiras do Executivo têm ganho salarial de até 60% acima da inflação", recebeu nota de repúdio do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate). A ANESP, enquanto integrante do Fórum, apoia a publicação da nota e subscreve os argumentos trazidos pelo texto.
A divergência com a matéria divulgada na Folha se dá porque ela se baseia no estudo "Proposta de Modernização de Carreiras do Governo Federal", que distorce dados relativos ao investimento em pessoal pela União.
"O estudo em questão apresenta recorte tendencioso sobre a evolução salarial das carreiras de Estado a partir de 1998, deixando de lado, de forma arbitrária, dados que precisam ser ressaltados. Em 1998, os salários das citadas carreiras foram reajustados após três anos de congelamento, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, visando reduzir o impacto da elevada inflação acumulada, que chegou, no período, conforme dados da FGV, a mais de 35%. Só em 1995, o acumulado da inflação no país superou 22%. Outra informação importante é que as carreiras de Estado passaram a ser remuneradas, no período, pelo sistema de subsídio, e gratificações e adicionais foram incorporados à rubrica única" afirma a nota de repúdio do Fonacate.
Elizabeth Hernandes, presidenta da ANESP, reforça que, infelizmente, tanto o estudo quanto à matéria distorcem dados sobre ganhos do funcionalismo federal. "As análises trazidas pelo estudo não refletem os dados antes de 1998, quando essas tabelas começaram a ser divulgadas. Podemos dizer que há um viés no estudo por falha metodológica. Quando uma manchete negativa como essa chega aos grandes jornais é mais um desserviço para a compreensão da sociedade sobre a real remuneração dos servidores públicos do país", afirma.
A nota do Fonacate ainda expresa que "o texto presta um desserviço ao debate em torno do aperfeiçoamento da máquina pública, ao contaminá-lo, mais uma vez, e à revelia do acúmulo de estudos técnicos já produzidos, com falácias que servem apenas aos que se utilizam dessa manobra para tentar enfraquecer o poder de fiscalização e de regulação do Estado brasileiro".