Café com Debate discute desafios para a igualdade de gênero na Administração Pública

Sônia Regina, Ismália Afonso e Nathalie Loiseau. Foto: ENAP

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A Escola Nacional de Administração Pública (Enap) realizou, nesta quarta-feira (1º/6), em parceria com a École Nationale d'Administration (ENA, França), o Café com Debate – Desafios para a Igualdade de Gênero na Administração Pública – Diálogo Internacional Brasil/França. O evento também teve o apoio da ONU Mulheres e da Embaixada da França no Brasil. 

Participaram como debatedoras a diretora da ENA, Nathalie Loiseau, e a diretora do Departamento de Administração do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), Sônia Regina Guimarães Gomes. O evento foi moderado pela jornalista Ismália Afonso.

Na abertura do encontro, o presidente substituto da Enap, Paulo Marques, agradeceu a presença dos participantes e destacou que a proposta do Café com Debate é “que seja um momento descontraído, de diálogo”. 

A diretora da ENA – que tem atuação reconhecida internacionalmente na defesa da igualdade de gênero no trabalho – iniciou o debate declarando que este é um momento propício para a realização de um evento sobre a igualdade de gênero no Brasil. “Sou otimista. Essa crise pode abrir oportunidades”, disse Nathalie. 

Ela apontou algumas razões que explicam a importância da busca pela igualdade profissional entre homens e mulheres. “Precisamos de diversidade na mão de obra, e a diversidade de gênero é o primeiro passo”, afirmou. A diretora da ENA também destacou que a organização do trabalho não é desfavorável apenas às mulheres, mas a todos. “Confundimos quantidade de trabalho com qualidade de trabalho. Dessa forma, não temos criatividade, nem capacidade de inovação”, disse.

Sônia Gomes concentrou sua fala na situação das mulheres diplomatas e na criação do Comitê Gestor de Gênero e Raça do MRE. “Costumamos dizer que o Itamaraty é o reduto do homem branco do Sudeste”, afirmou, apontando que, no início das discussões sobre igualdade entre homens e mulheres no Ministério, costumava escutar que não havia problemas de gênero no Itamaraty.

Para Sônia, os principais desafios que enfrentam são transformar a cultura sexista em uma cultura equitativa; mudar a estratégia de recrutamento; rever o conceito de meritocracia, definindo regras objetivas; e aumentar a previsibilidade de destino e tempo de preparação, no caso das transferências.

Ao final do encontro, as debatedoras responderam questões elaboradas pelo público presente, que versaram sobre licença-maternidade e representatividade das mulheres negras em altos cargos da Administração Pública, entre outros temas.

Nesta tarde, terá início o curso internacional Liderança Feminina: Estratégias para o Fortalecimento de Competências. Serão três dias de discussão teórica e atividades práticas no sentido de trocar experiências e refletir sobre estratégias para o fortalecimento de competências voltadas à liderança feminina e para a ampliação do acesso de mulheres a posições de liderança na Administração Pública.