Bagunça administrativa frustra e desmotiva
Ao recrutar pessoas a administração pública indica o que quer, quando quer, o que espera e o que os futuros servidores terão de fazer para desempenhar suas funções de acordo com as regras e as expectativas da burocracia.
O tempo passa. Às vezes nem é preciso muito. O choque de realidade deixa sem reação quem esperava "meter a mão na massa" fazendo, simplesmente, aquilo que sabe fazer.
"Fui empossado faz pouco tempo em um cargo no Executivo. No entanto, não estou desempenhando nenhuma das atividades descritas no edital do concurso e nem nas atribuições do meu cargo. Estando atuando como mero auxiliar administrativo, realizando atividades como tirar xerox, digitações, etc", reclama um servidor em e-mail enviado ao blog. (por razões óbvias o nome dele não será revelado).
O rapaz diz que sonha em trabalhar na área para a qual estudou, se preparou e fez concurso. Se isso fosse uma doença se chamaria 'síndrome do desvio de função'.
"O desvio de função é uma realidade. Eles (órgão) não sabem lidar com os profissionais de nível superior, querem que façamos uma carreira como os assistentes e auxiliares, no mesmo passo. Porém uma coisa é colocar um auxiliar de serviços gerais para exercer funções de administrador, outra é colocar um profissional preparado de nível superior para realizar atividades operacionais. Cada dia no serviço público é como se rasgasse um pedaço no meu diploma", completa.
O mundo real é cruel. Isso o edital não diz. Claro que não serve de justificativa, mas a administração pública tem problemas crônicos em tratar casos desse tipo. Em geral, virar o jogo depende única e exclusivamente do servidor insatisfeito.
Não deveria ser assim. O problema é que pensar em estratégias de pessoal e políticas de longo prazo não são o forte do Estado.
Fonte
Correio Braziliense – Blog do Servidor – 7 de agosto de 2009