Editorial – Balanço sobre a campanha salarial
Nesta sexta-feira (31), as entidades que formam o Ciclo de Gestão do Executivo federal assinaram o acordo de aceitação da proposta de reajuste salarial de 15,8% feita pelo governo. O acordo põe fim a um extenso e cansativo processo de negociação iniciado em 2011 e intensificado neste ano.
Em relação às inúmeras campanhas salariais já realizadas, essa trouxe algo novo que poderá impactar na relação das carreiras de Estado com o governo. Pela primeira vez, 22 entidades que representam esses servidores se uniram com o objetivo de fortalecerem seus pleitos. Surgiu aí a União das Carreiras de Estado (UCE).
Os gestores federais estão bem representados nesse grupo. Os diretores da ANESP participaram das mais de 30 reuniões entre os integrantes da UCE e também estiveram nas sete reuniões com interlocutores do governo realizadas entre março e agosto de 2012. Além disso três atos públicos foram realizados em 2012, para demonstrar a relevância dessas carreiras e para pressionar o governo em relação às reivindicações do grupo. Os Gestores tiveram participação importante nesse processo de mobilização, tendo participado de todas as manifestações e das duas Assembleias Gerais da ANESP que trataram do tema.
A Associação, junto com as demais entidades da UCE, patrocinou campanhas de vídeo - veiculados nos intervalos comerciais dos principais telejornais do País como o Bom Dia Brasil, Jornal Nacional e Jornal da Globo - e áudio - inseridos em emissoras de rádio de âmbito nacional, como a CBN e a Bandnews (veja os vídeos da campanha no canal da ANESP no Youtube).
A equipe da Associação também foi essencial nesse processo, apoiando na interlocução com outras entidades da UCE e com o governo, no atendimento às demandas de imprensa e na divulgação de informações para associados e sociedade (só neste ano, foram 54 matérias divulgadas no site sobre a campanha salarial, com média de 250 leituras por reportagem).
No final, nem todas as carreiras tomaram a mesma decisão sobre o reajuste, pois em última instância ela cabe às bases de forma isolada, em Assembleias próprias. Entretanto, isso não significa a quebra da União das Carreiras de Estado. O serviço público precisa discutir temas mais amplos e de interesse da sociedade e dos servidores em geral, como a necessidade de se profissionalizar a Administração Pública Federal; de adotar critérios meritocráticos para a ocupação de cargos de confiança; de construir uma política bem estruturada de gestão de recursos humanos para o setor; e de regulamentar a Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho - que estabelece normas sobre as relações de trabalho no serviço público. As carreiras também têm bandeiras específicas – por exemplo, a questão da mobilidade dos gestores – que são importantes para a eficiência e a qualidade da Administração Pública Federal.
A Diretoria da ANESP encerra a campanha salarial otimista com a integração criada pelas carreiras, com a mobilização alcançada e com a legitimidade do processo decisório, que teve boa participação dos associados nas Assembleias que trataram do tema. Agora é hora de absorver os aprendizados e seguir em frente. Os dirigentes da Associação e a carreira de gestores públicos estão alertas aos demais desafios colocados aos gestores e ao Estado Brasileiro.
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