Universa UOL aborda estudo do Ipea que mostra desmonte de políticas para as mulheres

A Universa, do UOL, traz matéria sobre estudo do Ipea, liderado pela EPPGG Carolina Tokarski e pela pesquisadora Luana Pinheiro, que indica que o Governo Bolsonaro acentuou o desmonte de políticas para mulheres.

Cortar investimentos em políticas públicas para mulheres, que norteiam, por exemplo, programas de ajuda a vítimas de violência doméstica, vem sendo uma tônica dos governos brasileiros desde 2015. Mas desde 2019, segundo estudo recente do Ipea, com Jair Bolsonaro (PL) como presidente e Damares Alves como ministra da área, "instituiu-se um movimento de desmonte" das políticas para a população feminina. De acordo com o Boletim de Políticas Sociais, publicação da entidade que acompanha, há 20 anos, a execução e implementação de programas voltados à sociedade, o governo iniciou o que chama de "nova política para mulheres", colocando-as, todas, sob o guarda-chuva dos programas para a família. A pesquisa analisou as ações do governo nos anos de 2019 e 2020.

De todas as políticas que poderiam ser endereçadas à população feminina, o que envolveria não apenas o combate à violência mas também ações ligadas a educação e trabalho, a que abocanhou praticamente todo o orçamento foi para o Ligue 180, central telefônica que recebe denúncias sobre violências de gênero.

Carolina Tokarski, coautora do estudo do Ipea, explica que “os recursos direcionados ao Ligue 180 representam 96% do orçamento total liquidado em 2019. Em 2020, só 25% do orçamento foi executado, e 74% foi para a central telefônica”. A pesquisadora diz, ainda, que vários pilares entram no conceito de desmonte analisado no estudo já que há muitas formas de o governo deixar uma política de lado. “Pode deixar morrer, não atualizar, ou fazer isso de maneira simbólica. O que vemos também é uma mudança de área, do foco na mulher para o foco na família”.

"Não criticamos investimento em serviços para a família, mas uma política não pode engolir a outra, precisam caminhar juntas", aponta Luana Pinheiro, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea e coautora do estudo. "Essa nova visão do governo tem a perspectiva da mulher apenas dentro de uma família, parte de apenas um tipo de olhar e não engloba outros papéis”, complementa Luana.

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