Série de artigos debaterá desigualdades de gênero no serviço público

A EPPGG Iara Alves, doutoranda e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (PPGNEIM) da UFBA, publicou o primeiro artigo – de uma série de cinco – em que aborda desigualdades de gênero no serviço público. O primeiro texto é intitulado “Burocracia representativa como chave para uma gestão pública em prol da igualdade de gênero e raça” e está disponível na íntegra no República.org – leia aqui.

As mulheres, lembra Alves, compõem pelo menos a metade do corpo do serviço público brasileiro; ainda assim, são minoria nas instâncias de decisão. Isso se dá porque os critérios de seleção para cargos em comissão ignoram desigualdades históricas e o fato de que grupos sociais específicos da sociedade não têm a mesma facilidade de acesso às instâncias de tomada de decisão do Estado. “Propaga-se a ideia de que burocratas são corpos neutros, trabalhando com expertise, como se eles não imprimissem valores e perspectivas próprias”, aponta a autora, e completa: “É pouco democrático quando se verifica que o recrutamento tem resultado em um corpo político e burocrático estatal branco e masculino, e de classe média para alta, quando consideramos os cargos da média e alta burocracia. A gestão pública precisa alterar seus padrões brancos naturalizados de decisão e de comunicação governamental, de forma a possibilitar reverter o racismo estrutural e os estigmas sexistas internalizados nas instituições”.

Neste cenário, Alves afirma que adotar uma perspectiva de gênero e fortalecer a presença de mulheres em instâncias de decisão estatal pode “revolucionar” a forma como a administração pública atende a população: “Para um maior impacto de sua presença, mulheres, brancas e negras, precisam compor o corpo da média e alta burocracia, formada por cargos comissionados de nível mínimo 4, para terem o poder de alocação de recursos públicos e decisão sobre a agenda pública e propostas de legislações”.

Nos próximos artigos, Alves vai aprofundar suas reflexões sobre as possibilidades de mulheres servidoras serem agentes de mudanças em prol da igualdade de gênero, baseando-se em mais de 300 entrevistas com servidoras de carreiras estratégicas em nível federal, realizadas ao longo de seu doutorado.


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