Uma universidade para a América Latina
As novidades em relação à Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila) não se referem apenas aos corpos docente e discente, cujas vagas serão dividias igualitariamente entre brasileiros (50%) e os demais países da América Latina (50%). Por determinação do ministro da Educação, Fernando Haddad, os programas letivos dos cursos ofertados na instituição deverão, também, possuir temáticas inovadoras. A afirmação foi feita pelo EPPGG e membro da Comissão de Implantação da Unila, Paulino Motter.
Segundo o gestor, a ação tem o objetivo de gerar conhecimentos diferenciados para assuntos de interesse da América Latina - “eles devem ser inovadores em pelo menos três aspectos: incorporando uma concepção trans e multidisciplinar; privilegiando temáticas transfronteiriças; e promovendo a integração interna [entre os próprios brasileiros] e externa [com estudantes de outros países]”.
Para alcançar o objetivo, no último dia 20 de agosto, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) - tutora da Unila até a aprovação do projeto no Senado e sanção presidencial - criou o Instituto Mercosul de Estudos Avançados (Imea). O órgão reunirá acadêmicos, especialistas e estudantes de pós-graduação para formarem cátedras que organizarão todas as atividades de graduação, pós-graduação e pesquisa desenvolvidas na nova universidade.
Desafios
O trabalho das cátedras, porém, precisará ser cauteloso, pois a criação de cursos pode enfrentar obstáculos. “Dependendo da forma como a graduação é composta, a legislação brasileira pode causar problemas no reconhecimento dos diplomas. Especialmente em relação às profissões regulamentadas”, comenta. Como exemplo, o gestor cita o caso dos brasileiros que foram estudar Medicina em Cuba e tiveram empecilhos na hora de exercer a profissão no Brasil - “as exigências podem ser diferentes.”
Outro problema é em relação ao processo seletivo que será adotado para ingresso na Unila - “o nosso maior desafio é sobre os estudantes de outros países. Muitos não têm a tradição de exame seletivo.” No caso dos brasileiros, por ser um “processo mais democrático”, a seleção deverá ser feita pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Já para os estrangeiros, a ideia que tem maior apoio refere-se a uma adaptação desta prova a uma versão específica. “Está se pensando em um 'Enem latino americano'”, conta Motter.
Natureza integradora
Para Paulino, a atitude brasileira de criar a Unila vai além de uma intenção de forçar uma integração econômica na região. A proposta refere-se a uma liderança regional que o País conseguiu nos últimos anos. “Não interessa ao Brasil se tornar um país desenvolvido cercado por outros com problemas. Assim, por ser a maior economia, ele tem um papel ao qual não pode renunciar.”
Motter destaca ainda que essa vocação brasileira deve se expressar não apenas em relação à educação. É preciso colocar em debate outros temas que compõem uma agenda mais ampla, como, por exemplo, os acordos envolvendo o gás natural e a energia excedente gerada pela usina de Itaipú. “Isso [as críticas aos tratados com Bolívia e Paraguai] é uma visão míope, porque ignora a responsabilidade do país pelo volume de recursos, por sua capacidade econômica e pelos interesses estratégicos, inclusive de resolver problemas sociais que são nossos e que dependem do desenvolvimento”, comenta o gestor.
Sobre a Unila
O projeto da Universidade Federal de Integração Latino-Americana foi criado com o objetivo de integrar estudantes e professores brasileiros e dos países da região. O campus da Unila será localizado em uma área de 40 hectares do Complexo Hidrelétrico de Itaipu, em Foz do Iguaçu.
Quando estiver em pleno funcionamento, a instituição deverá oferecer um total de 36 cursos (25 de graduação e 11 de pós-graduação) nas áreas deHumanas, Sociais e Comunicação, Ciências e Engenharias e Letras e Artes. Além disso o complexo abrigará nove centros de estudos e um núcleo de formação de professores. No total, são esperados 10 mil alunos e 500 professores, sendo metade brasileiros e metade de países da América Latina.
Fonte
Assessoria de Comunicação ANESP