EPPGG escreve sobre protagonismo afroindígena na retomada de uma Política Nacional de Museus

Foto: Sailko/Wikimedia Commons

Em artigo publicado no Nexo, o EPPGG Marcus Rocha debate políticas de museu no Brasil. Demasiadamente eurocentradas, Rocha identifica um despertar “tardio” para a importância do papel exercido por pessoas negras e indígenas nas mais variadas áreas de conhecimento, nas artes e na produção intelectual no plano nacional. Ainda assim, “de uma maneira geral, os museus públicos brasileiros ainda estão presos a uma narrativa eurocentrada, que tem como eixo o mito da democracia racial a explicar o processo de formação da nação, com negros e indígenas subordinados aos brancos”, critica.

O texto é escrito em coautoria com Mauro Luiz da Silva, coordenador do projeto NegriCidade e diretor e curador do MUQUIFU (Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos em Belo Horizonte/MG).

Em uma linha do tempo, os autores recordam que, em 2023, comemoram-se os 20 anos do lançamento da Política Nacional de Museus, construída de maneira participativa junto à sociedade civil. Nela, já estava previsto o fomento à “(...) produção e institucionalização de memórias constitutivas da diversidade social, étnica e cultural do país”. Em 2008, foi instituído pelo presidente Lula o Estatuto de Museus e, em 2009, foi criado o Instituto Brasileiro de Museus, entidade do governo federal responsável pela gestão e fiscalização de museus públicos federais, bem como pela organização do Sistema Brasileiro de Museus.

Porém, o setor de museus – a exemplo de todas outras políticas culturais – passaram por um processo de desmonte sistemático nos últimos anos, apontam Rocha e da Silva. Agora, com a recriação do Ministério da Cultura (que tem, neste ano, o maior orçamento de sua história), o cenário se reverte: “Torna-se possível vislumbrar a retomada de uma política museal como instrumento de ampliação do acesso à cidadania, tendo como valores a democracia e o respeito à diversidade étnico-racial da população brasileira”, avaliam.

De forma propositiva, os autores colocam a museologia social de base comunitária como uma alternativa para que os espaços de memória contribuam para a construção da identidade das pessoas afro-brasileiras e indígenas, mencionando o exemplo do MUQUIFU – museu que apresenta em seu acervo objetos biográficos que narram histórias que normalmente permanecem silenciadas nos museus oficiais, preservando a memória de pessoas anônimas, esquecidas e subalternizadas.

“Essa e outras experiências de museologia comunitária possibilitam repensar os museus brasileiros a partir de como a população afroindígena se vê, enquanto descendente de povos colonizados e escravizados, mas também organizados para a resistência ao longo de sua história. A maioria dos museus federais, estaduais e municipais contribuíram e ainda hoje contribuem para que essas histórias não sejam contadas”, defendem.

Leia o texto na íntegra.


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