EPPGG contribui em debate sobre fatores que ameaçam coesão social e democracia na América Latina
Foto: Helio Montferre/Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) realizaram um debate sobre desenvolvimento social inclusivo e coesão social na América Latina, com destaque para desafios da desigualdade, fragilidade institucional e desinformação para fortalecer a democracia.
Participaram da mesa, pesquisadores, autoridades de ministérios e áreas sociais de países da região. O EPPGG Antônio Brito, que atua na Diest/Ipea contribuiu com o debate analisando como a confiança nas instituições de Estado são abaladas pela desinformação.
O evento ocorreu em paralelo à Sexta Conferência Regional sobre Desenvolvimento Social da América Latina e do Caribe, organizada pela Cepal, pelo Governo do Brasil e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, ressaltou que a coesão social se apoia em pilares como solidariedade, confiança, pertencimento e valores compartilhados, fundamentais para a criação de um sistema capaz de sustentar o desenvolvimento. No entanto, destacou que a confiança nas instituições e no processo democrático tem sido abalada, fenômeno que não se restringe à América Latina, mas também atinge países com instituições antes consideradas sólidas, onde processos de polarização e o enfraquecimento da democracia se intensificaram.
Foto: Helio Montferre/Ipea
O desenvolvimento social na América Latina se dá em um contexto político regional marcado pela polarização e mudanças constantes. Para Carlos Maldonado, oficial de Assuntos Sociais da Cepal, a fraqueza da coesão social pode se manifestar em um aumento da desconfiança interpessoal e institucional, na sensação de vulnerabilidade e injustiça percebida, em baixas expectativas de mobilidade social futura, e no apego limitado à democracia como forma de governo.
O EPPGG Antônio Brito apontou que as redes sociais, algoritmos de personalização e mecanismos de engajamento ampliam conteúdos emocionais e polarizadores. Em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brito monitora os principais grupos de disseminação de desinformação em redes sociais, identificando menções a temas de políticas públicas, que permanecem elevadas mesmo após o período eleitoral. Exemplos recentes incluem debates sobre o Pix em janeiro de 2025 e sobre previdência em abril e maio do mesmo ano, mostrando que a circulação de informações distorcidas persiste em patamares significativos.
Para reconstruir confiança e legitimidade democrática, Brito defende a necessidade de enfrentar a desinformação. “Isso envolve desde mecanismos de escuta qualificada e análise de riscos informacionais até instrumentos de governança capazes de identificar, neutralizar e responder a campanhas desinformativas de forma coordenada e baseada em evidências”, concluiu.
Assista à mesa Coesão Social, Desenvolvimento Social Inclusivo e Democracia.