“A educação não resolve o desemprego”, assevera EPPGG na coluna Diálogos Públicos

Em artigo publicado na coluna Diálogos Públicos, parceria da ANESP com o UOL, a EPPGG Tassiana Cunha Carvalho discute a relação entre empregabilidade e educação. Ela aponta que, ainda que seja evidente a importância de uma boa educação para se encontrar boas oportunidades no mercado de trabalho, a relação não é tão simples, de causa e consequência: “Países desenvolvidos que possuem os melhores sistemas educacionais do mundo têm enfrentado nas últimas décadas o crescimento do número de desempregados. A educação tem um papel de moldar profissões, mas não determina taxas de empregabilidade”, aponta Carvalho.

O texto é escrito em coautoria com Eliana Tavares Pereira, integrante da carreira de Analista em Ciência e Tecnologia. Leia a íntegra.

A inserção no mercado de trabalho, apontam as autoras, não está sempre ligada à educação. No Brasil, por exemplo, apenas cerca de 20% da população entre 25 e 34 anos possui um diploma de nível superior, indicando que a grande maioria dos brasileiros ingressou no mundo do trabalho sem uma preparação específica. Já um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) mostra que mais de um terço daqueles que obtiveram diploma de ensino superior desempenham funções que requerem uma qualificação inferior à sua escolaridade. A relação, portanto, não é direta.

Indo contra o senso comum, as autoras defendem que a educação, sozinha, não é suficiente para enfrentar o desemprego: “Há que se superar a armadilha de que formações específicas resolveriam o problema da ocupação de postos de trabalho vagos, responderiam aos problemas enfrentados com as mudanças socioeconômicas recentes”.  Hoje, mais de 23% dos jovens brasileiros entre 15 e 24 anos não trabalham nem estudam – é a pior taxa desde que a OIT (Organização Internacional do Trabalho) começou a coletar os dados em 2005. 

Portanto, ainda que cursos técnicos, de qualificação ou mesmo o ensino superior sejam relevantes, Carvalho e Pereira afirmar que “mais prementes são os investimentos que atentem ao grande contingente da população que não tem educação básica ou formação profissional para se adaptar às mudanças, que são dinâmicas, céleres e pedem respostas rápidas”. Para elas, os sistemas de ensino público e privado deveriam planejar suas ofertas olhando atentamente para essas mudanças, “sem perder de vista que a formação se baseia em competências e habilidades e que essas podem ser combinadas de diversas formas, formando, assim, cidadãos aptos a se requalificarem, caso necessitem, e de forma a tirar o melhor proveito das mudanças econômicas em curso”, concluem.


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