Em artigo na Piauí, EPPGGs alertam para as mudanças no Prouni

Ainda em dezembro de 2021, o governo federal publicou a Medida Provisória 1075, que abriu o acesso às bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni) a estudantes que cursarem o ensino médio em escolas particulares. O artigo publicado na revista Piauí “O Prouni fora dos eixos”, assinado pelos EPPGGs Rogério da Veiga e Letícia Bartholo e pelo pesquisador do Ipea Paulo Meyer Nascimento, esclarece de maneira didática, como a mudança na regra do programa de bolsas para universidades irá privilegiar estudantes de maior renda, em detrimento dos que vivem em lares mais modestos.

Os autores comparam dois estudantes de 16 anos que almejam estudar em uma universidade privada por meio do Prouni. A partir desses dois personagens representativos dos estudantes brasileiros, Helena e Enzo, busca-se compreender um pouco mais sobre os desafios do financiamento público à oferta de vagas em instituições de ensino superior (IES) privadas no Brasil.

Helena tem 16 anos, cursa o 2º ano do ensino médio e é uma das melhores alunas de uma escola pública da Vila Brasilândia, periferia da cidade de São Paulo. Tem dois irmãos mais novos que a mãe sustenta trabalhando como diarista, contando com uma renda mensal de 2 mil reais. Apesar de muito estudiosa, ela sabe que não teve acesso a um ensino de muita qualidade e que será difícil ter nota suficiente no Enem para cursar psicologia numa universidade pública. Por isso, ela aposta no Prouni. Também com 16 anos, Enzo é um dedicado estudante do 2º ano na melhor escola particular de Cuiabá. Sua mãe é professora da rede pública e seu pai é engenheiro de uma pequena construtora local. Com renda familiar de 10 mil reais por mês, os pais de Enzo conseguem pagar a escola particular e um curso de inglês para o filho. Ainda assim, o rapaz está preocupado, porque quer muito fazer medicina, mas acha improvável conseguir essa tão concorrida vaga em universidade pública, e a mensalidade de uma faculdade particular de medicina comprometeria parte expressiva da renda de sua família.

Este não é um debate sobre merecimento: Helena, Enzo e todos os jovens do país merecem sonhar com a universidade e ter a oportunidade de cursá-la. O debate é sobre a eficácia das políticas públicas de acesso ao ensino superior e os prejuízos que a mudança no Prouni pode gerar: Helena, que antes disputava uma vaga apenas com estudantes de escolas públicas, agora terá que disputá-la também com estudantes de escolas privadas, num cenário de diminuição de bolsas integrais. Ela sabe que sai atrás nessa disputa, gerada por uma mudança nas regras que é claramente regressiva.

Acesse a íntegra do artigo aqui.


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