Mantega, Paulo Bernardo e Dilma se reúnem com Lula para decidir corte no Orçamento

Brasília - A junta orçamentária, formada pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil, reúne-se nesta quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para estabelecer o volume de despesas do Orçamento de 2008 que serão contingenciados pelo governo.

Guido Mantega defendeu publicamente na terça-feira um corte de R$ 20 bilhões, correspondente ao ajuste que o governo havia anunciado, em janeiro, para compensar o fim da CPMF. Parte foi compensada pelo aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e pelo Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

"Agora que foi sancionado o Orçamento, nós pretendemos fazer um corte de R$ 20 bi, cumprindo aquilo que nós já tínhamos nos comprometido, fazer uma redução para compensar a perda da CPMF "

- Um dos novos desafios que temos é de sempre manter uma estrita vigilância dos gastos correntes do governo, porque também é um fator que aumenta demanda agregada. E, agora que foi sancionado o Orçamento, nós pretendemos fazer um corte de R$ 20 bilhões, cumprindo aquilo que nós já tínhamos nos comprometido, fazer uma redução para compensar a perda da CPMF - disse Mantega.

O ministro Paulo Bernardo, no entanto, foi favorável a um valor menor de bloqueio de verbas, e caberá então ao presidente tomar a decisão final sobre o assunto.

O Congresso já havia aprovado um corte de gastos de R$ 12,6 bilhões sobre o projeto de lei orçamentário apresentado pelo governo para acomodar parcialmente o fim da CPMF - tributo que geraria cerca de R$ 40 bilhões em receitas em 2008.

Mantega argumenta, no entanto, que o Congresso também criou novas despesas, o que manteria a necessidade de um corte de R$ 20 bilhões.

Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, ao insistir nos R$ 20 bilhões, Mantega quis mostrar que sua equipe está disposta a reduzir as despesas públicas e contribuir assim para um crescimento econômico equilibrado, evitando a necessidade de uma elevação dos juros pelo Banco Central .

- Ele quis sinalizar que pode ser duro também (com as despesas) - afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada.

O Banco Central tem reiterado sua preocupação com um descasamento entre oferta e demanda na economia, indicando fortemente uma elevação em breve os juros, atualmente em 11,25 % ao ano.

Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES, ou Conselhão) no Palácio do Planalto, também na terça-feira, o presidente Lula usou um tom de cautela sobre a economia: Lula admitiu que a crise americana tem uma dimensão grande e que o Brasil não estará imune se houver uma crise profunda naquele país . O presidente disse ainda que o governo manterá a atual política econômica e que não facilitará "um milímetro".
 

Valor Online / Reuters / O Globo / O Globo Online