Experiência francesa e norte-americana são destaque no Congresso Brasileiro de Gestores Públicos

Palestras do diretor adjunto de Relações Internacionais da ENA francesa e do representante da associação de executive seniors dos EUA foram acompanhadas com bastante atenção pelo público.

Max Brunner - ENA Foto: Ascom ANESP

Max Brunner - ENA Foto: Ascom ANESP

Esperado pela diversificada experiência dos palestrantes, o segundo dia do Congresso Brasileiro de Gestores Públicos foi uma boa oportunidade para se debater temas relativos aos três eixos do evento. Com participação de convidados do Brasil e do exterior, as apresentações nos painéis contaram com boa presença de público, que lotou a sala de eventos do Lakeside.

Quem abriu os trabalhos do painel 1, sobre Recrutamento, Seleção e Formação de executivos públicos em Escolas de Governo, foi o diretor adjunto de Relações Internacionais da École Nationale de Administration da França (ENA), Max Brunner, que apresentou um panorama do serviço público francês. A ENA, que foi o modelo utilizado para a criação da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), nos anos 1980, possui diferentes formas de ingresso, com forte relacionamento com as experiências dos profissionais do setor privado.

O foco da palestra foi a necessidade de adequação da Administração Pública às novas gerações, com desafios de inclusão, equidade de gênero e, principalmente, com o que diz respeito às novas tecnologias, que trouxeram novo dinamismo às relações hierárquicas. “Esta geração está acostumada com a gratuidade e a transparência da informação, com menos formalidade. Caberá às velhas gerações adaptar-se às novas”, afirmou.

Na sequência, o presidente da Enap, Paulo Sérgio de Carvalho, ressaltou que existem semelhanças, mas muitas diferenças entre Brasil e França. Ele destacou que o CBGP é uma experiência inovadora. “O nome 'O Estado para o cidadão' nos coloca numa direção muito boa”, afirmou, lembrando a importância da criação de um marco legal das escolas de governo.

Para fechar a manhã, se apresentaram a diretora da Escola de Governo Paulo Neves de Carvalho (Fundação João Pinheiro – MG), Luciana Raso, e o diretor de Estudos e Pesquisas da ANESP, Jean Paraizo Alves.

Debates da Tarde

A segunda etapa das apresentações teve início com o painel 2, Governança e Estruturação de Carreiras de Executivos Públicos, que foi aberta pelo diretor de recursos humanos do ministério da fazenda da França, Marc Estournet, que aprofundou a apresentação de dados sobre o serviço público daquele país, onde os servidores públicos representam 20% dos empregos ativos.

Em seguida, o diretor presidente da ANESP, Trajano Quinhões, aproveitou a ocasião para chamar atenção para a "ausência sintomática" de representantes dos órgãos supervisores e de entidades de Administração Pública do país, como o Consad. O presidente da ANESP comemorou a realização do Congresso a um ano das eleições. “Não é momento ocasional, mas bastante oportuno. Poderemos debater os programas de governo, sugerindo soluções para os postulantes aos cargos de presidente e governador em 2014”.

Outro ponto tocado por Trajano foi a falta de regulamentação em vários pontos essenciais para a carreira, como própria distribuição em classes. Segundo ele, entre vários aspectos, falta um sistema de acompanhamento profissional da carreira, com a formação de um banco de dados. “Até o fim de nossa gestão frente à ANESP, lançaremos nosso novo website, que poderá conter essas informações, que servirão, inclusive, de referência ao órgão supervisor”, afirmou.

Após o diretor presidente da ANESP, foi a vez do representante do titular da Secretaria da Função Pública do México, Julian Ugalde, que trouxe a realidade do serviço público mexicano, que ainda não conta com requisitos básicos presentes nos serviços públicos do Brasil e da França, como a mobilidade e a existência de uma escola de governo.

Para fechar o painel, falaram os representantes da Argentina, Daniel Piemonte (Coordenador geral do corpo de Administradores Governamentais da Argentina) e Gustavo Martinovich (Associação de Administradores Governamentais da Argentina), que ressaltaram a importância de que Brasil e Argentina compartilhem mais informações, uma vez que os problemas são bastante similares nos dois países.

O painel 3 – O Papel dos Gestores Públicos na Formulação, Implementação e Avaliação de Políticas Públicas, teve a presença do representante da Senior Executive Association, dos Estados Unidos, Tom Dirks, que mostrou a realidade de um serviço público muito afinado com a iniciativa privada, de onde são recrutados os executivos que atuam na administração pública dos EUA. Dirks apresentou um quadro de certa dificuldade da carreira em um momento que o país atravessa uma crise econômica, o que congelou salários. Ainda assim, a renumeração dos executivos norte-americanos é praticamente o dobro da dos profissionais brasileiros. Lá cada executive senior recebe cerca de 179 mil dólares por ano. No entanto, não existem escolas de governo e os executivos não contam com estabilidade observada aqui no Brasil e na França.

Após o norte-americano, ainda palestraram o gerente de Desenvolvimento da Autoridade Nacional do Serviço Civil, Andrés Corrales, que mostrou um quadro complicado em seu país, onde quase 90% dos cargos do serviço federal são de confiança, e da coordenadora do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de Brasília, Magda Lucio, que anunciou a criação, em setembro, da grade de diretrizes curriculares do curso, que agora é independente do curso de Administração.

As palestras foram seguidas de debates, cujos temas mais recorrentes foram a mobilidade e a forma de seleção dos profissionais.

Fonte: Assessoria de Comunicação CBGP