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Pesquisa mostra que PEC 32/20 não tem votos necessários

Estamos em frente a uma possível boa notícia para quem é contra a PEC 32/20, a reforma administrativa do governo Bolsonaro. Apesar de ter sido aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e na Comissão Especial da Câmara, a proposta encontra dificuldades para ser aprovada.

É isso que revela a pesquisa trimestral Painel do Poder, que o Congresso em Foco Análise faz com 70 dos principais líderes da Câmara e do Senado para medir os humores e tendências do Congresso Nacional.

Segundo o levantamento, existem chances médias de a PEC 32/20 ser aprovada no Plenário da Câmara, mas ela encontrará forte resistência no Senado. No geral, a reforma administrativa recebeu dos parlamentares a nota 2,5 em concordância. A escala utilizada, de 1 a 5, assume a nota 1 como baixíssima concordância com a proposta e 5 como muito alta. Importante ressaltar que na mesma escala a média teórica é 3. Então 2,5 situa a reforma administrativa em um ponto pouco abaixo da média.

A concordância com a reforma varia significativamente entre membros da base do governo e parlamentares independentes e da oposição. Enquanto a situação dá nota superior a 3,5 à proposta, a oposição mostra baixíssima concordância, inferior a 1,5. Já os independentes aproximam-se de 3. Câmara dos Deputados e Senado Federal apresentam praticamente a mesma posição, com notas 2,48 para a primeira e 2,55 para o segundo.

Considerando o percentual de notas 4 e 5 (concordância e alta concordância) como base, seriam 121 votos favoráveis à PEC. Por se tratar de uma mudança na Constituição Federal, a proposta precisaria de 308 votos para ser aprovada.

A informação crucial para a análise, contudo, refere-se à distinção entre Câmara dos Deputados e Senado Federal. A Câmara dá nota 3,04 às chances de aprovação da reforma, já o Senado apresenta avaliação muito inferior, apenas 2,10. De fato, nenhum senador ou senadora confere nota superior a 3 para as chances de aprovação da reforma administrativa.

As projeções são um balde de água fria nos desejos do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que esperava deixar a aprovação dessa reforma como um de seus legados no comando da Casa.

Em entrevista à revista Veja, Lira reclamou da falta de engajamento do governo Bolsonaro para a aprovação da PEC 32/2020. “falta tudo, falta mobilização de quem defende, falta o governo agir mais fortemente com relação à [reforma] administrativa e falta a gente ter apoio de setores, e a imprensa é muito importante nisso, para se esclarecer”, disse o parlamentar.

O posicionamento dos deputados e senadores tem sofrido forte influência das manifestações populares e de servidores públicos contra a Reforma. Os parlamentares têm sido recebidos pelos grupos, semanalmente, no aeroporto de Brasília. O lema “quem votar não volta” parece estar surgindo efeito.

Texto originalmente publicado no site Que Estado queremos?


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