A Fiocruz Brasília lançou no final de maio a publicação “Fique em casa? Desafios e experiências das comunidades de práticas em atenção primária e saúde para populações em situação de rua no contexto da covid-19”. Organizado pela EPPGG Márcia Muchagata, o trabalho registra as ações de projeto desenvolvido ao longo de 2021. Por meio da constituição de comunidades de práticas nos estados e capitais, a ComPAPS mobilizou atores das áreas de saúde e de assistência social em parceria com organizações da sociedade civil para planejar estratégias locais para atendimento e proteção da população em situação de rua frente às consequências da pandemia. 

A publicação está disponível para download no repositório da Fiocruz. 

Em sua primeira parte, a publicação apresenta o contexto da população em situação de rua no país e questões relacionadas ao atendimento à saúde durante a pandemia de covid-19.

Na sequência é apresentado o percurso metodológico das comunidades de práticas, bem como alguns dos avanços e práticas adotados em decorrência do trabalho dessas comunidades.

Três capítulos tratam da avaliação de mentores das comunidades, da organização da capacitação e planejamento, bem como da perspectiva do movimento de população de rua sobre a iniciativa.

Ao final são apresentadas 24 práticas selecionadas, agrupadas em três eixos: imunização da população em situação de rua; intersetorialidade das políticas para a população em situação de rua; e cuidados da população em situação de rua.

“As comunidades de práticas mostraram ter um enorme potencial para melhorar a coordenação das emergências em saúde em nível local/regional e devem ter criação estimulada para lidar com grupos vulneráveis em contextos de crises em saúde”, afirma Márcia Muchagata, organizadora da publicação e coordenadora do projeto. 

Na publicação, os representantes do Movimento Nacional da População de Rua, Vanilson Torres e Rosângela Nascimento, que participaram da implementação de todo o projeto e assinam um dos artigos presentes na publicação, questionam a atuação do poder público na pandemia. “Será que uma realidade tão cruel, como deitar a cabeça sobre um paralelepípedo, dormir sob as marquises, não ter máscaras para usar, acesso à água potável, alimentação, nem sequer uma casa, não seria o bastante para que essa população tivesse prioridade na vacinação? Ou será que a burocracia dos relatórios epidemiológicos é maior que a realidade vivenciada por essa população?”, indagam. 

O projeto Comunidades de Práticas em Atenção Primária à Saúde Populações em Situação de Rua no Contexto da Covid-19 foi desenvolvido pela Fiocruz em parceria com o Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e o Movimento Nacional da População de Rua e contou com apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Fundação Rockefeller. 

As práticas desenvolvidas ao longo do projeto estão disponíveis no IdeiaSUS - Banco de Práticas e Soluções em Saúde e Ambiente. 

Assista ao vídeo produzido no âmbito do projeto:

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