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Servidores criticam postura do governo

Funcionalismo/ Sindicalistas acusam Executivo de transformar as discussões sobre reajuste salarial e reestruturação de carreiras em moeda de troca para campanha eleitoral

Vera Batista

Governo e líderes sindicais não se acertam nas discussões sobre a modernização das relações de trabalho no âmbito do Estado. Os grupos de trabalho (GT) criados para analisar a reestruturação das carreiras servem, de acordo com líderes das diversas categorias, para manter negociações de fachada. Reuniões são sucessivamente adiadas. A ordem seria manter as decisões em banho-maria até as eleições de 2014.

O Ministério do Planejamento (Mpog) concorda que existem reestruturações necessárias, mas afirmou que as mudanças só ocorrerão no próximo governo. Segundo nota da assessoria de imprensa da pasta, algumas reuniões são adiadas, “porque necessitam de detalhamento para uma resposta qualificada. Mas o que foi dito e escrito não será desfeito”.

“Está tudo parado, o governo não desenvolve. Tudo leva a crer que os secretários de Relações do Trabalho do Mpog serão colocados nos GTs para travar as negociações”, acusou Josemilton Costa, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa 80% do pessoal do Executivo. Para ele, usar reajuste de salário e reestruturação de carreira como moedas de troca eleitoral é uma estratégia perigosa. “O efeito será contrário. Vai criar uma revolta ainda maior em um público formador de opinião”.

Os policiais federais se dizem uma das maiores vítimas das armadilhas do governo. “O Executivo continua impondo os 15,8% de reajuste. E não trata como deveria nosso principal pleito. Queremos nossas atribuições em lei e não por meio de portaria do Planejamento, como é hoje. Há uma série de irregularidades, inclusive a exigência de nível superior como critério de ingresso na corporação enquanto, no papel, a carreira continua como de nível médio”, reclamou Jones Leal, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).

Rudinei Marques, presidente do Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon), também está descontente. Ele contou que as carreiras do Tesouro e da CGU estão defasadas. “Nada acontece. O ministro Jorge Hage bem que tenta. Mas ele perdeu a força política em razão de uma briga com a ministra Miriam Belchior (do Planejamento). Tudo o que ele pede ou defende ela faz com má vontade. A CGU sequer tem dinheiro para pagar o aluguel”, denunciou Marques.

Daro Piffer, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), disse que “o governo se esconde atrás das carreiras que não aceitaram o reajuste salarial, em 2012, de 15,8%. Só quer discutir outros pontos, como o fosso salarial de 40% entre técnicos e analistas, depois de resolver essa questão, reforçou Piffer.

Fonte: Correio Braziliense