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Monkeypox: EPPGG Maierovitch fala sobre contágio e medidas para controle

Com o mundo ainda buscando superar a pandemia de covid-19, uma outra doença, antes mais restrita a alguns países africanos, começa a se disseminar pelo planeta. Em maio de 2022, o primeiro caso de monkeypox (nome em inglês para “varíola dos macacos”) fora da África foi identificado. Era de um paciente em Londres, que desenvolveu lesões na pele ao voltar de uma viagem à Nigéria. No dia seguinte houve a confirmação de um novo caso na capital inglesa.

O número de casos cresceu até que, em 23 de julho deste ano, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom declarou que o surto global de monkeypox representa uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Naquele momento, registrava-se 16 mil casos identificados em 75 países.

Em 29 de julho, o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte pela doença no Brasil. A vítima era de Uberlândia (MG). Até 8 de agosto havia 2.293 casos de monkeypox no país. São Paulo, com 1.636, Rio de Janeiro, com 253, e Minas Gerais, com 101, são os estados com o maior número de casos. No mundo os dados mais recentes informam que são mais de 30 mil casos, em 81 países.

O nome se origina da descoberta inicial do vírus em macacos, em 1958, em um laboratório dinamarquês. Já o primeiro caso humano foi identificado em 1970 na República Democrática do Congo. Segundo a OMS, a maioria dos animais suscetíveis a esse tipo de varíola são roedores, como ratos e cães-da-pradaria. 

Para entender melhor esse quadro epidemiológico, a ANESP conversou com o médico e EPPGG Claudio Maierovitch. “Seria importante que o Ministério da Saúde fosse ativo na busca por testes de diagnóstico, vacinas e medicamentos e não ficasse apenas em uma posição expectante”, afirma.

O que esse status de “emergência de saúde pública de interesse internacional” definido pela OMS significa? 

Existem critérios, definidos no Regulamento Sanitário Internacional, para que eventos de saúde pública sejam comunicados à OMS. A avaliação é feita sobre a gravidade do impacto provocado, o risco de propagação internacional e o quanto o evento é incomum ou inesperado. Com base nesta análise, um comitê constituído pelo diretor-geral faz recomendações sobre a declaração de emergência e o diretor decide. Neste caso, não houve consenso no comitê e o diretor-geral decidiu fazer a declaração de emergência internacional. 

O que se sabe sobre essa doença? Quais as principais características e formas de contágio?

A doença é causada por um vírus que costumava circular entre animais silvestres do continente africano, em especial roedores e causava a doença esporadicamente em pessoas que tinham contato com estes animais. O vírus sofreu transformações que aumentaram a possibilidade de transmissão de uma pessoa para outra, começou a se espalhar por países europeus e segue sendo transmitido nos outros continentes, inclusive o americano. A doença não costuma ser grave, assemelhando-se à varicela (catapora), mas pode ser perigosa especialmente para pessoas com deficiência imunológica, gestantes, crianças na primeira infância e idosos. Em geral, a doença começa com o aparecimento de febre, mal-estar e dores no corpo e em seguida surgem lesões no corpo que se parecem com espinhas, iniciadas, mais frequentemente, na região genital ou no rosto, que podem se espalhar por todo o corpo, incluindo as mucosas do ânus e da boca, as palmas das mãos e as plantas dos pés. Podem coçar e provocar muita dor e desconforto. A transmissão acontece principalmente pelo contato com a pele de quem está doente, podendo também haver transmissão pela respiração próxima, por beijos ou por contato prolongado. Também é possível que o vírus seja transmitido por objetos de uso pessoal, como toalhas, roupas ou copos.

Um dado divulgado pela imprensa indica que o Brasil está entre os países que têm mais casos confirmados. É possível saber porque isso está ocorrendo?

O Brasil é um país populoso, com muito trânsito internacional de pessoas e não adotou nenhuma medida de controle.

O que o Brasil poderia fazer para se preparar para a emergência de saúde pública relativa à varíola dos macacos?

As primeiras medidas devem ser de informação e comunicação, dirigidas à população geral e, particularmente aos profissionais de saúde, para que aprendam a suspeitar do diagnóstico. Os casos suspeitos e aqueles que tiveram contato devem adotar precauções específicas, com isolamento dos casos e acompanhamento dos contatos. A orientação quanto ao risco de transmissão pelo contato sexual também é fundamental. Seria importante que o Ministério da Saúde fosse ativo na busca por testes de diagnóstico, vacinas e medicamentos e não ficasse apenas em uma posição expectante. Produtores de outros países, laboratórios nacionais e pesquisadores deveriam ser chamados para propor ações que acelerassem o acesso às tecnologias para prevenção, diagnóstico e tratamento. Certamente a doença vai continuar se espalhando e deve atingir muitos segmentos da população. Quanto mais tempo demorarem as ações, mais difícil será o controle da transmissão. 


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