No Correio Braziliense, EPPGG fala sobre mercado financeiro e exclusão digital
O Correio Braziliense publicou uma reportagem, de autoria das jornalistas Mariana Niederauer, Raphaela Peixoto e Yasmin Rajab, que discute a revolução ocorrida no mercado financeiro decorrente da digitalização de seus processos – com destaque para os pagamentos via Pix. Porém, o foco da matéria é outro: a maneira com que essa revolução não alcança milhões de brasileiros, seja pela falta de letramento digital, seja pela dificuldade de acesso à internet e a dispositivos eletrônicos. Hoje, 20 milhões de brasileiros não possuem acesso à internet.
A EPPGG Denise Direito, que atua no Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Diest/Ipea), é uma das entrevistadas. Para ela, é importante que se observe a qualidade dos acessos disponíveis e, ainda, a usabilidade das ferramentas de bancos e outras instituições financeiras: “Ao decompor os dados e analisar a experiência de uso considerando fatores como velocidade e qualidade de acesso, tipos de dispositivos e custos, apenas 22% da população atende às condições consideradas satisfatórias, de acordo com os indicadores estabelecidos”.
Frente a este cenário, ela complementa: “O quadro que emerge é que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) sobrepõem mais uma camada de desigualdade aos excluídos de sempre. Assim, raça, gênero e território estão entre os fatores que ampliam o fosso. Urbanos estão mais incluídos do que pessoas que moram no meio rural, homens mais do que mulheres, brancos mais do que negros e ricos mais do que vulneráveis”.
Segundo Direito, a discussão deve ir além do Pix, levando em conta todas as atividades possibilitadas pela digitalização das relações humanas. Isso inclui habilidades básicas a se performar nestes ambientes, como copiar e colar um texto, até as mais complexas, como saber identificar fake news e criar planilhas: “Assim, todo esse processo de exclusão [digital] é menos perceptível ou tem menor impacto quando analisamos a questão do pix”, afirma, ressaltando que fraudes e golpes virtuais devem estar no rol de preocupações das instituições financeiras também.