Diretor da ANESP argumenta que carreira precisa de um nome mais curto e adequado
Diretor de Comunicação da ANESP argumenta que a Carreira precisa de um nome mais curto e adequado para melhorar sua imagem, e solicita sugestões e criticas dos associados a respeito do tema.
O texto a seguir é de responsabilidade do Diretor de Comunicação e não reflete necessariamente a opinião da ANESP
Há mais de duas décadas o Estado brasileiro recruta para a nossa carreira homens e mulheres de alto calibre intelectual para desempenhar atividades “de direção e assessoramento em escalões superiores da Administração Direta e Autárquica.” Muitos desses indivíduos, ao longo dos anos, por esforço e mérito próprio, conquistaram posições de alta responsabilidade em diversos órgãos federais. Entretanto, o público geral continua desconhecendo a nossa profissão, poucos na mídia sabem que existimos e são raras as autoridades públicas que conhecem bem a carreira.
Não há motivo de surpresa para isso, posto que os membros da carreira e a Associação que os representa são obrigados a se identificarem com um título dolorosamente prolixo e abstruso. Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental é um nome tão grande e nebuloso que a maioria dos integrantes da carreira preferem se apresentar com o eterno apelido extra-oficial de “gestor”, com “g” minúsculo, que não os distingue de um funcionário sem vínculo ou tampouco de um Gestor Ambiental do IBAMA. Até a sigla EPPGG é desproporcionalmente longa e insonora, ao ponto de seriamente dificultar seu uso corriqueiro na escrita ou na fala.
Reconheço que um título longo e complexo, ao estilo nobiliárquico, pode ser atrativo para o gosto de alguns. No entanto, é preciso reconhecer que a situação atual não nos favorece. Poucos indivíduos são capazes de entender e memorizar de imediato um título que se estende a sete palavras e que, para muitos, pode soar confuso. Afinal, é surpreendente quando pessoas perguntam se um especialista em uma área tão ampla não seria, de fato, um generalista? Ou se o título de EPPGG refere-se a um diploma acadêmico de Especialista?
Quando poucas pessoas, inclusive na mídia e na política, conseguem entender e memorizar nosso título – aquilo que mais nos identifica profissionalmente – nós, como indivíduos e corporação, perdemos espaço. Ninguém apoia aquilo que não conhece. Para ilustrar, nenhum candidato presidencial, nas últimas eleições citou nossa carreira ou buscou interlocução de alto nível com algum EPPGG nos temas de gestão ou políticas públicas. Isso difere quando os temas de relações exteriores ou segurança pública precisam ser tratados em campanha, por exemplo. Nesses casos, presidenciáveis tendem a citar e buscar conselhos de diplomatas ou de delegados e oficias das polícias, respectivamente.
O desafio de imagem que enfrentamos não se soluciona com uma mera campanha de marketing. Não há marqueteiro no mundo que consiga popularizar um nome tão problemático. É preciso alterar, na lei, o nome da carreira e do cargo para algo mais curto e inteligível. Não estou fazendo, portanto, mais uma proposta de nome fantasia, mas sim de mudança normativa. Minha sugestão seria adotar, legalmente, um novo nome que atenda certos critérios básicos:
- Deve ser mais curto.
- Deve comunicar, de maneira rápida e fácil, o que fazemos e a nossa posição diferenciada no Estado.
- Deve levar em conta o nosso contexto histórico e cultural.
- Precisa ser facilmente traduzível para os dois idiomas estrangeiros que mais usamos: o inglês e o espanhol.
- Deve, preferivelmente, permitir a manutenção da marca / sigla “ANESP”.
Algumas possibilidades poderiam atender esses critérios. Minha sugestão seria Executivo Público, uma vez que o termo “executivo” é usado amplamente para identificar altas lideranças de instituições públicas e privadas, nas áreas fim e meio. Por isso agências federais dispõem de cargos de Gerente-Executivo, ministérios possuem Secretários-Executivos, e empresas públicas e privadas geralmente são comandadas por uma equipe de executivos – vide os casos da Vale e da Apple, por exemplo. O termo “executivo” já é adotado informalmente e no meio acadêmico para se referir à nossa carreira. Além disso, o termo é facilmente traduzível para o inglês e o espanhol, e possui similaridade com nomes adotados por carreiras irmãs no Brasil e no exterior – por exemplo: Executivo Público do Estado de São Paulo, Senior Executive nos Estados Unidos e Austrália, e Executive Officer no Reino Unido. Nota-se que a fácil tradução para o inglês do título Executivo Público (Public Executive) ajudaria, especialmente, os membros da carreira que pretendem se candidatar a mestrados executivos (mestrados voltados para executivos experientes) em universidades estrangeiras de primeira linha. Dois exemplos: MPA Executivo da Universidade da Califórnia em Berkeley e MPA Executivo da London School of Economics. Adicionalmente, o termo permitiria manter a sigla ANESP se o nome da associação fosse alterado para: Associação Nacional dos Executivos do Setor Público – ANESP.
Outra possibilidade que considero razoável, porém menos recomendável, seria o termo Gestor Federal. Esse termo também se refere a lideranças institucionais; já é adotado informalmente para se referir à nossa carreira; faz um paralelo com os procuradores federais; traduz facilmente para o inglês e o espanhol; e possui precedentes no Brasil e no exterior. Entretanto, esta não seria minha primeira escolha, pois o termo “gestor”, em sentido amplo, é profusamente adotado por qualquer funcionário, nos setores público e privado, inclusive por chefias de baixo escalão – chefias de almoxarifado por exemplo. Ainda mais, o termo “gestor” no entendimento (estrito) de alguns refere-se a profissionais apenas da área meio, enquanto que nossa carreira foi concebida para atuar tanto na área meio (gestão estrito sento) quanto na área fim (políticas públicas). Isto é um ponto importante, pois carreiras relegadas à área meio tendem a ser (infelizmente) menos valorizadas e remuneradas na Administração Pública. Além disso, seria difícil manter a marca ANESP com um novo título de Gestor Federal.
Acredito que a ANESP, hoje, possui condições para realizar esforços junto ao Ministério do Planejamento e o Congresso para mudar, legalmente, o nome da carreira. Desde o inicio de 2015, o Ministério conta com novas autoridades que têm um histórico de apreço pela carreira e abertura ao diálogo. A ANESP também conta hoje com uma assessoria parlamentar profissional para auxiliá-la junto ao Legislativo.
Mudar legalmente o nome de uma carreira é algo perfeitamente viável. Várias categorias fizeram isso no passado recente. Por exemplo, os Analistas-Tributários da Receita Federal eram antes Técnicos da Receita Federal (vide Art. 5o da Lei 10.593 de 2002) e os Auditores Federais de Controle Externo do TCU eram antes Analistas de Controle Externo (vide Art. 4o da Lei 11.950 de 2009).
No entanto, cabe ressaltar que a ANESP é uma instituição democrática, regida por Estatuto. Portanto, apesar de a diretoria incumbente ter sido eleita com base, em parte, em uma proposta de melhorar a imagem da carreira, acredito que seria essencial a Associação receber o apoio majoritário de seus associados, por plebiscito, antes de embarcar em qualquer esforço específico nesse sentido.
Mas antes mesmo de falarmos em votação, acredito ser muito importante ouvir nossos associados nesse tema. Portanto, se você, associado(a), quiser manifestar apoio à mudança sugerida, expressar preferência por um nome específico, defender o status quo ou fazer qualquer outro comentário a respeito desse assunto, por favor, coloque seu comentário abaixo, ou se preferir encaminhe um e-mail para o Coordenador-Executivo da ANESP (coordenacao-executiva@anesp.org.br) que se encarregará de compartilhar sua contribuição com todos os diretores da Associação.
Sua opinião é muito importante, pois será levada em consideração quando a diretoria se reunir, em momento oportuno, para decidir se a Associação deve ou não dar seguimento a este assunto.
MATHEUS AZEVEDO
Diretor de Comunicação da ANESP