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Aumento, agora, só em 2011

Matéria publicada no Correio Braziliense fala sobre anúncio do presidente Lula de que o reajuste de 7,7% aos aposentados foi a última concessão federal em termos salariais para este ano

Os funcionários públicos que reivindicam algum tipo de aumento salarial ainda para este ano receberam, ontem, uma notícia desanimadora do governo federal. Logo depois da 34ª Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, realizada com a presença do vice-presidente José Alencar e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não haverá mais qualquer reajuste em 2010, além dos que já estavam previstos. De acordo com ele, essa discussão será retomada somente no próximo ano, quando o novo presidente assumir o cargo.

Lula ressaltou que, no caso dos aposentados, a discussão era mais simples do que vinha sendo anunciado. O presidente declarou que as conversas eram sobre um aumento de 0,7%, já que o próprio governo havia autorizado reajuste de 7% para os inativos que recebem acima de um salário mínimo. Segundo ele, a única exigência feita para a equipe econômica foi de que os cortes no Orçamento fossem equivalentes ao reajuste de 7,7%, o que foi resolvido com redução, inclusive, de verbas destinadas a emendas parlamentares.

“Todos os dias, recebemos pressão por aumentos salariais de todas as categorias. No entanto, os reajustes só podem ser feitos quando há dinheiro. Este ano, acabou a discussão sobre aumento(1). Os reajustes anunciados são de acordos firmados em 2008, que temos parcelas a cumprir e serão cumpridas. Os outros casos serão discutidos em 2011, com o candidato que for eleito em outubro”, disse Lula. “Mesmo quem está disputando uma eleição não pode perder o senso de responsabilidade”, completou.

O presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados da Administração Direta, Fundacional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista do Distrito Federal (Sindser), Cícero Rola, ficou irritado com a entrevista de Lula. “É lamentável ouvir de um presidente que tem suas origens no movimento sindical uma declaração como essa. Nós vamos continuar lutando para que as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas e que as greves, instrumento legítimo de protesto, sejam respeitadas”, ponderou.

Para o presidente do Sindser, mesmo em situação de estabilidade econômica, como a vivida no Brasil atualmente, o trabalhador tem perdas anuais que precisam ser repostas. “Lula fala de acordos, mas muito do que foi acertado com os servidores não foi cumprido”, protestou Rola.

Discurso repetido
Em 11 de maio, Lula convocou reunião com ministros e dirigentes de autarquias e de empresas públicas que aderiram a greves e avisou que, em 2010, não havia previsão de reajuste salarial. Na época, o presidente pediu, ainda, que a legalidade das paralisações fosse questionada na Justiça. Lula cobrou, também, rigor no controle de frequência dos servidores e, em caso de falta, autorizou os gestores a descontar os dias não trabalhados. O aumento adicional aos aposentados flexibiliza o discurso de Lula.

Fonte
Correio Braziliense - 18 de junho de 2010