Geraldo Horta fala sobre ampliação do calendário de eventos da entidade, surgimento da ideia de realização da festa do dia 26 e benefícios gerados pela participação da Associação

ANESP Informa: De onde surgiu a ideia de realizar a comemoração de aniversário da ANESP?
Geraldo Horta: Ela veio desde a campanha eleitoral, quando a Chapa Força e Voz apresentou em sua plataforma a inovação no oferecimento de atividades culturais, sociais e de entretenimento para os associados. Uma dessas novidades é a inclusão de eventos no calendário da ANESP, como o aniversário. É normal comemorar aniversários, tanto de pessoas como de instituições.

Também pensamos em promover a Associação para a comunidade e entre as novas turmas. Nos últimos dois anos, cerca de 200 EPPGGs se formaram na 15ª e 16ª Turma, mas apenas 66 se filiaram. Desses, 48 são da 15ª e somente 18, da 16ª. Queremos aproximá-los.

AI: Como é o investimento da ANESP no evento?
GH: Nós entramos com um patrocínio para viabilizar sua realização. Em contrapartida, pudemos oferecer aos associados e aos gestores da 15ª e da 16ª Turma o benefício de entrar gratuitamente, além de vincular nossa imagem ao evento, o que gera divulgação espontânea inclusive em jornais e sites.

A porcentagem que teremos nos lucros provavelmente superará o valor investido. Por sermos uma entidade sem fins lucrativos, o valor que for de fato lucro líquido será doado à Associação dos Amigos dos Autistas (AMA-DF) e ao Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB).

AI: Como será o evento?
GH: Cuidamos para dar espaço a músicos da cidade que se dedicam ao trabalho autoral, como o sambista Pedro Cariello, que fará o pré-lançamento de CD dele em nossa festa, e o premiado grupo Sacassaia. Também convidamos bandas que tocam cover: Salve Jorge, que se inspira em Jorge Benjor, e Mundo Racional, que faz um tributo a Tim Maia. No intervalo entre as bandas, será o momento dos Djs de duas famosas festas de Brasília: Chicco Aquino (Mistura Fina) e Pezão (Criolina).

Além da gratuidade para associados e acompanhantes, e para gestores das 15ª e 16ª turmas, ele será aberto ao grande público, que pagará preço de mercado para usufruir de um evento sociocultural. Assim pretendemos também aproximar a Associação da comunidade. Estamos estimando de 500 a 1.000 pessoas, entre associados, acompanhantes e público geral.

AI: Por que doar esse lucro para essas instituições?
GH: Acreditamos que a ANESP não deve lutar somente por interesses corporativos, profissionais e pecuniários. Inclusive ao considerarmos a natureza de nossa carreira, percebemos o vínculo com políticas públicas e sociais. Sabemos das dificuldades da concretização dos direitos fundamentais sociais pela Administração Pública Brasileira.

Considerando isso, cabe responder antes de tudo o porquê de escolher os autistas. Fazendo uma pesquisa básica, é possível perceber um vácuo de políticas públicas para essa população, que, em contrapartida, dá à sociedade gênios como Albert Eistein e Isaac Newton - que possivelmente sofriam da Síndrome de Asperger*, de acordo com notícia publicada na Reuters e no Journal of the Royal Society of Medicine (Inglaterra).

Somente em junho do ano passado deu-se um passo para instituir a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Autista (Projeto de Lei do Senado nº168/2011), criado por sugestão da Associação em Defesa do Autista (Adefa). No DF, no final do ano passado foi aprovada uma Lei para esse grupo, a qual ainda não foi totalmente implementada e carece de regulamentação.

AI: Quem são a AMA-DF e o MOAB?
GH: O Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB) é uma Organização Não-Governamental que trabalha pela melhoria da qualidade de vida das pessoas autistas e de suas famílias. Ela busca a adição de novos direitos e o cumprimento dos já existentes com a promoção de eventos, cursos, encontros, seminários, palestras, audiências públicas, sessões solenes, etc, em parceria com entidades, órgãos públicos e empresas privadas.

Os programas do MOAB são gratuitos. Entre eles destacam-se o Prêmio Orgulho Autista, entregue uma vez por ano para pessoas, órgãos e entidades que trabalham significativamente pela melhoria da qualidade de vida dos que vivem nessa realidade; o Autistas no Parque, que promove o acesso de pessoas autistas e aspergers em ambientes ecologicamente interessantes e atraentes para que os benefícios da inclusão estejam disponíveis a todos; e o Programa Mediação Escolar, que busca a resolução de conflitos em estabelecimentos educacionais, desde o ensino fundamental, até a educação superior.

Já a Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal (AMA-DF) é a mais antiga entidade do Distrito Federal em atividade voltada para o setor. A AMA-DF tem por finalidade desenvolver programas de amparo através de atendimento direto a pessoas autistas, como atividades lúdicas, pedagógicas, recreativas e de reabilitação.

*Síndrome de Asperger – é da mesma linha do autismo, porém diferencia-se por não comportar nenhum retardo no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. As principais características dos aspergers (pessoas que sofrem da síndrome) são dificuldades de interação social, de processamento e expressão de emoções, interpretação muito literal da linguagem e problemas com mudanças na rotina.