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Secretaria de RH será esvaziada

Reportagem do jornal "Correio Braziliense" fala sobre movimentações feitas pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para reforçar a influência sobre os membros de sua equipe

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, pretende esvaziar a Secretaria de Recursos Humanos (SRH), comandada desde junho de 2007 por Duvanier Paiva Ferreira, ligado à CUT paulista. Ao mesmo tempo, aumentará os poderes da Secretaria de Gestão. Duvanier, professor do ensino fundamental e ex-assessor político da executiva nacional da CUT, deverá cuidar só das negociações salariais daqui para frente, um grande abacaxi, pois não há margem orçamentária para dar aumentos ao funcionalismo.

Outras atribuições da SRH, como a administração do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), passarão para a Secretaria de Gestão. Ao assumir o ministério, Miriam deparou de imediato com uma agenda emergencial de corte de gastos de R$ 50 bilhões e cercou-se de amigos de sua confiança, nos quais centraliza as decisões do ministério.

Conforme informações obtidas pelo Correio, o gabinete ministerial atribui a Duvanier parte da responsabilidade pelo problema fiscal atual, por ter inchado a folha de pessoal, com reajustes salariais para servidores federais ativos e inativos, em mais de 100%, nos últimos três anos.

Procurada, a ministra não quis se manifestar sobre as nomeações e centralização de decisões. Sobre a desidratação da secretaria de Duvanier, o ministério informou que “nenhum dirigente falará sobre as possíveis mudanças nas secretarias de Recursos Humanos e de Gestão e que, tais mudanças, se e quando ocorrerem, serão no sentido de dar racionalidade a atribuições superpostas em relação às duas secretarias”.

Para a chefia de gabinete e secretaria-executiva, Miriam nomeou as amigas Elaine Paz e Iraneth Rodrigues Monteiro, respectivamente. Mas quem toca a secretaria mesmo é o seu adjunto, Valter Correia da Silva, também amigo da ministra, supervisionando 
a de gestão, de recursos humanos, de tecnologia e informática e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap).

Pressão
Para a Secretaria de Gestão, o preferido da ministra era o amigo Josemir Mangueira Assis, que já trabalhou com Valter Correia na mesma pasta. Mas ele preferiu ficar na presidência da Empresa Gestora de Ativos (Engea), vinculada ao Ministério da Fazenda. Miriam nomeou então como secretária de Gestão a mulher de Josemir, Ana Lúcia Amorim de Britto, que, em 2010, ocupou o cargo de assessora da diretoria da Dataprev, a empresa de processamento de dados da Previdência.

Embora considerada competente, o estilo centralizador de Miriam Belchior abriu uma fissura nos blocos K e C da Esplanada dos Ministérios, com os funcionários das demais secretarias. O corte de cabeças eleva a tensão no dia a dia de funcionários.

Em razão da ordem do governo para reduzir gastos, a única secretaria intacta é a de Orçamento e Finanças, a SOF, com Célia Corrêa, titular desde maio de 2007, mantida no cargo. A SOF representa o núcleo duro da visão conservadora do ponto de vista fiscal e econômico do ministério, necessário para executar o corte orçamentário de R$ 50 bilhões.

Fonte
Correio Braziliense – 16 de abril de 2011