Servidor ficará sem aumento
Reportagem do jornal “Correio Braziliense” fala da posição governista de não conceder reajustes salariais ao funcionalismo público neste ano. Agravamento da crise econômica mundial e preocupação com política fiscal e despesas são os principais motivos listados
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou claro ontem que, diante do agravamento da crise internacional e o possível impacto na economia brasileira, o governo não pretende conceder nenhum aumento aos servidores públicos. Segundo ele, a estratégia para enfrentar a turbulência financeira é fortalecer a política fiscal e manter despesas sob rígido controle. "Prometo a vocês a cada mês uma surpresa, a cada mês um melhor desempenho. Temos que zelar para que haja um bom resultado fiscal. Não estaremos admitindo aumento de gastos de qualquer natureza neste momento", destacou em entrevista, no Palácio do Planalto, após reunião com a equipe de coordenação.
A preocupação do ministro leva em conta que o desajuste fiscal é o motivo que está por trás das dificuldades enfrentadas pela economia dos Estados Unidos e da Europa. Mantega disse também que o fortalecimento das empresas é fundamental para proteger a economia — hoje será lançado um pacote para beneficiar as pequenas e micro empresas. Ele destacou, ainda, a força do Brasil, que, embora não esteja no cento da crise, pode sofrer as consequências. "Temos uma grande vantagem, que é o mercado interno forte. Temos que garantir que essa demanda seja usada para o produtor brasileiro e, para isso, temos que tomar medidas de fortalecimento", avaliou.
Para ele, o Brasil tem meios para enfrentar a crise com tranquilidade. "Temos a experiência adquirida no enfrentamento da crise de 2008. Fomos bem sucedidos e, agora, temos todos os instrumentos, que não tínhamos naquela época, que foram construídos e vamos botar para funcionar", disse. Segundo o ministro, os efeitos negativos no Brasil serão menores do que em outros países. Apesar do otimismo, ele admitiu não ter como prever a magnitude que a crise vai atingir, nem o tempo que levará para acabar.
O ministro criticou o rebaixamento da nota da dívida norte-americana, na última sexta-feira. "Acho que houve uma "forçação de barra". Alguns acham que foi mais uma avaliação política. A moeda americana continua sólida", disse.
Estancar a sangria
O ministro da Fazenda, Guido Mantega , criticou a forma como a União Europeia tem lidado com a crise. "Eles tem que parar de bater cabeça, cada um quer uma solução e não se resolvem a dar uma solução mais forte para a questão das dívidas". Para ele, a prioridade, neste momento, é estancar a sangria nas bolsas e reconstruir a confiança dos investidores, consumidores e empresários. "Se demorar, pode ocorrer a perda de riquezas, que faz com que cidadão deixe de consumir e a leva a economia para a recessão. Temos que afastar esse perigo", disse ele.
Fonte
Correio Braziliense – 09 de agosto de 2011