2 anos de pandemia: o que aprendemos sobre prevenção à covid-19
Após dois anos de intensa convivência planetária com a pandemia de covid-19 registramos algumas lições aprendidas sobre políticas públicas em diversos aspectos e temas. O EPPGG Ricardo Horta listou os principais aprendizados, a partir do avanço da ciência, na prevenção da doença e de políticas públicas adequadas às mudanças impostas por esse contexto.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVENÇÃO
1. As vacinas funcionam
Pesquisas feitas no Brasil e em todo o mundo demonstram que a chance de ocorrência casos graves, hospitalizações e óbitos são muito menores entre pessoas que completaram o ciclo vacinal. A melhor política pública para enfrentar a pandemia é garantir que as pessoas confiem na vacina, queiram se vacinar e consigam acessá-la com facilidade.
2. Políticas públicas são melhores quando respeitam as evidências científicas
Depois de 2 anos, ficou claro que governos que seguiram conselhos de especialistas e de autoridades científicas tiveram um desempenho melhor do que aqueles que promoveram desinformação e prometeram falsos tratamentos ou curas para a Covid-19.
3. A Covid-19 se transmite pelo ar: e comunicar isso com clareza faz toda diferença
No início da pandemia, muitas pessoas se infectaram e até perderam a vida porque não se tinha clareza sobre a transmissão aérea do vírus, e os protocolos equivocadamente frisavam o contágio por superfícies. Os países que tiveram os menores índices de infecção foram aqueles que desde o início explicaram com clareza para a população a importância de usar máscaras de qualidade, especialmente em locais fechados e mal ventilados, ou promoveram atividades ao ar livre.
4. A desigualdade reforça os efeitos da pandemia entre os mais vulneráveis
A enorme dívida social do Brasil mais uma vez foi um dos maiores desafios que governantes tiveram que enfrentar. Grupos marginalizados, sem acesso aos serviços de saúde, sem o fornecimento de máscaras de qualidade, e sem a disponibilidade dos tratamentos comprovadamente eficazes que existem, foram os mais afetados pela pandemia
5. A saúde pública revelou todo o seu valor e ajudou a salvar a vida de brasileiros
Mesmo diante de escolhas equivocadas por parte de alguns governantes, o SUS, sistema público e universal de saúde, criado na Constituição de 1988, revelou-se o maior ativo do Brasil na pandemia. Graças ao SUS, atingimos altos índices de vacinação e tantos brasileiros infectados foram tratados e se recuperaram da Covid-19.
6. O custo humano, social e econômico da pandemia é um desafio sem precedentes para o futuro, e isso exigirá políticas públicas específicas
Além da perda inestimável de quase 660 mil brasileiros, que deixaram familiares, amigos e crianças de luto, a pandemia levou ao adiamento do tratamento de doenças crônicas, fez com que crianças e adolescentes ficassem muitos meses sem escola, abalou a saúde mental de milhões de pessoas que perderam entes queridos ou respeitaram o isolamento por um longo período, e representou um elevado custo para setores e empresas que tiveram de fechar ou interromper atividades. Não se sabe ainda o real custo humano, sanitário, laboral e previdenciário das pessoas que tiveram e terão sequelas ou sintomas da pós-Covid ou Covid longa. É essencial que governos se preparem para enfrentar também esses efeitos da pandemia.
7. O Brasil precisa repensar com urgência sua dependência de insumos importados na área da saúde
Em vários momentos da pandemia, o Brasil dependeu da importação de insumos médicos, hospitalares e matérias-primas para a produção de vacinas ou testes de detecção do vírus. É urgente repensar o quadro de dependência em relação à produção de máscaras ou vacinas.
8. É impossível prever o futuro da pandemia, mas há formas de lidar com o futuro incerto
Muitos tentaram prever o que aconteceria a seguir com a Covid-19, e rapidamente foram desmentidos pelos fatos. A evolução do vírus depende da seleção natural, e novas variantes podem surgir a qualquer momento. Por isso é essencial que governos se mantenham de prontidão, elaborando planos de contingência, planejando medidas de resposta rápida em caso de nova onda de infecções, e valorizando os profissionais de saúde que tanto contribuíram para combater a pandemia.